Secretária do Ministério da Saúde deixa a pasta depois de 10 dias no cargo

 

Politica - 23/05/2021 - 00:23:28

 

Secretária do Ministério da Saúde deixa a pasta depois de 10 dias no cargo

 

Da Redação com Poder 360

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

A médica Luana Araújo, e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga

A médica Luana Araújo, e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga

O Ministério da Saúde confirmou neste sábado (22.mai) que a médica infectologista Luana Araújo, nomeada para o cargo de secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19, não assumirá a função. O motivo não foi revelado.

Luana foi anunciada para a secretaria em 12 de maio, pelo ministro Marcelo Queiroga (Saúde), durante o lançamento da campanha de conscientização sobre medidas preventivas e vacinação contra a covid.

“O Ministério da Saúde informa que a médica infectologista Luana Araújo, anunciada para o cargo de secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, não exercerá a função. A pasta busca por outro nome com perfil profissional semelhante: técnico e baseado em evidências científicas. A pasta agradece à profissional pelos serviços prestados e deseja sucesso na sua trajetória”, disse a pasta em nota.

Durante entrevista à imprensa, Queiroga falou sobre o desligamento de Luana da função. Ele não falou o porquê da saída precoce da médica, mas negou interferência do governo.

“É uma pessoa muito qualificada, de currículo excelente. Foi convidada para o cargo, mas não houve a nomeação e agora procuramos uma pessoa com perfil semelhante ao da doutora para ocupar essa posição. O ministério está trabalhando fortemente e quando souber, vamos anunciar”, afirmou o ministro.

CONTRA TRATAMENTO PRECOCE

O jornal O Globo publicou uma reportagem que mostrou que Luana Araújo se manifestou, pelas redes sociais, contra o tratamento precoce o uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina no tratamento da covid.

De acordo com o jornal, ao comentar uma publicação de apoio ao uso de hidroxicloroquina no twitter, a médica disse se tratar de “neocurandeirismo” e destacou o Brasil “na vanguarda da estupidez mundial”. Após a publicação da reportagem, ela apagou a conta na rede social. 

Posicionamentos

No dia em que ela foi anunciada, o GLOBO mostrou que a infectologista tinha feito manifestações contrárias ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina no tratamento contra a doença, inclusive em pacientes com sintomas leves.

No Twitter, ela afirmou que se tratava de "neocurandeirismo" e destacou o "Brasil na vanguarda da estupidez mundial" ao comentar uma postagem de apoio ao uso da hidroxicloroquina na rede social. Depois da publicação da reportagem, a médica apagou sua conta na rede social.

Os remédios, sem eficácia comprovada para a Covid-19, são defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro e por integrantes do governo como parte do chamado "tratamento precoce" e constam, inclusive, de orientação da pasta para o atendimento aos doentes, baixada pelo ex-ministro Eduardo Pazuello no ano passado.

A postagem que havia originado os comentários de Araújo é uma nota da Associação Médica Brasileira, de julho do ano passado, defendendo a autonomia do médico em prescrever a hidroxicloroquina. Em meio a mensagens de internautas parabenizando e criticando a entidade, a médica escreveu: "Neocurandeirismo. Iluminismo às avessas. Brasil na vanguarda da estupidez mundial".

Na sequência de comentários no Twitter, ao responder a um perfil que hoje aparece como suspenso na rede social, Araújo destacou, usando a sigla HCQ para hidroxicloroquina: "Feliz por você, mas não há qualquer evidência a favor (e muita contrária) à eficiência da HCQ. Seus pacientes devem ter se recuperado em função da competência de suporte de vocês, aliada à história da doença. Nada de pseudoterapia".

Em coletiva à imprensa neste sábado para falar da medidas sobre a variante indiana, o ministro Marcelo Queiroga se negou a dizer o motivo da saída da infectologista Luana Araújo, anunciada há 10 dias como secretária especial da Covid-19, departamento criado por ele na pasta para centralizar as ações.

Ele negou haver pressões do Palácio do Planalto para que a nomeação não se concretizasse, já que a médica já tinha se manifestado anteriormente contra remédios como cloroquina, sem eficácia comprovada para a Covid-19, como revelou o GLOBO:

"Não tem pressão do Palácio do Planalto. Esse é um assunto que considero encerrado. A doutora Luana é uma excelente médica e nós vamos buscar um perfil semelhante ao dela para trabalhar aqui conosco".

Ao ser perguntando novamente sobre o motivo da saída, Queiroga foi ríspido:

"Já falei acerca da doutora Luana. Esse é um assunto que nós consideramos encerrado. Não vou mais abordar esse assunto".

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