PERFIL-Nobel da Paz vai para a primeira juíza iraniana

 

Internacional - 10/10/2003 - 09:41:07

 

PERFIL-Nobel da Paz vai para a primeira juíza iraniana

 

Da Redação com Reuters

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

O Prêmio Nobel da Paz de 2003, a iraniana Shirin Ebadi, foi a primeira juíza do país antes da Revolução Islâmica de 1979. Seu trabalho como ativista de defesa dos direitos humanos a levou para a prisão e lhe valeu a reputação de ser uma ameaça ao regime islâmico. Muito ativa na questão dos direitos femininos e infantis, Ebadi, 56, atua como advogada de defesa para uma ampla gama de militantes políticos, em casos que muitos não se atrevem a tocar. "Qualquer pessoa que incentive os direitos humanos no Irã deve viver com medo da hora que nasce à que morre", disse ela à revista Christian Science Monitor em 1999. "Mas aprendi a superar o meu medo." Ebadi teve de deixar a magistratura por causa da adoção da sharia (lei islâmica) após a revolução de 1979. Segundo os aiatolás que assumiram o poder, as mulheres eram muito emotivas e irracionais para comandar tribunais. Hoje advogada, escritora e conferencista na Universidade de Teerã, Ebadi passou grande parte do seu tempo desde a revolução em campanha pelos direitos das mulheres e das crianças iranianas. Ela argumentou apaixonadamente que a sharia deveria ser adaptada para os tempos modernos, sem que isso prejudicasse a religião xiita, oficial no país. Ebadi se viu no lado errado da lei em 2000, quando foi acusada de disseminar um vídeo, politicamente explosivo, no qual o membro de um milícia religiosa confessava ligações com políticos conservadores. O incidente levou Ebadi à famosa prisão Evin, de Teerã, onde muitos dissidentes são mantidos. Na cela solitária, ela escreveu: "Com irritação tento escrever na parede de cimento com o cabo da minha colher que nascemos para sofrer porque nascemos no Terceiro Mundo. Tempo e lugar nos são impostos. Então sejamos pacientes, já que não há outra escolha." O analista político Saeed Leylaz, um reformista, disse que Ebadi "ofereceu muita ajuda jurídica a presos políticos e àqueles que tiveram atividades em favor das reformas". "Como iraniano, estou muito contente e a parabenizo", declarou Leylaz. "Espero que isso ajude a levar as reformas adiante no Irã."

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