|
A Ferrari cumpriu com perfeição um roteiro que ao final do Grande Prêmio do Japão, última prova do campeonato de 2003, deixou Michael Schumacher como recordista mundial de títulos -- seis --, a equipe italiana com o quinto título consecutivo de construtores e Rubens Barrichello como o segundo maior vencedor, com sete GPs, entre os pilotos em atividade.
Nada falhou no show italiano em Suzuka. Michael chegou exatamente onde deveria, oitavo lugar, e Barrichello também, vencendo a corrida.
"Ainda não consegui assimilar. Estou exausto e orgulhoso do que acabei de conseguir", disse Schumacher antes de ser cercado por mecânicos que jogaram champanhe nele nos boxes.
Até um drama inicial, quando Schumacher perdeu parte do bico na sétima volta ao tentar ultrapassar o herói local Takuma Sato, foi proporcionado pelos homens de Jean Todt, diretor esportivo da Ferrari, conhecido na F1 pelo apelido de Napoleão.
Diga-se de passagem que Schumacher cantou o roteiro que a Ferrari iria seguir em Suzuka. Disse ao desembarcar no circuito japonês que Barrichello venceria para ele terminar em oitavo com o título na mão. Dito e feito.
Schumacher calou o último de seus críticos. Além de ser recordista em vitórias e pontos, é também o maior campeão da história, superando os cinco títulos do argentino Juan Manuel Fangio.
"Foi um ano difícil, um final de temporada muito complicado e uma corrida bastante dura", disse o alemão. "Provavelmente uma das mais difíceis".
Radicais brasileiros ainda podem lembrar que falta ao alemão o recorde de poles -- Ayrton Senna conseguiu 65 contra 55 de Michael. Mas se continuar correndo como prometeu, o piloto da Ferrari não terá grandes dificuldades em fechar sua carreira na F1 como líder de todas as estatísticas de competência técnica. Quem viver, verá.
BARRICHELLO
Rubens Barrichello foi o melhor piloto da F1 no dia em que Schumacher se reafirmou como o melhor da história. Em sua segunda atuação impecável do ano, o brasileiro fechou a temporada com a sua sétima vitória.
Largando da pole, ele só ficou algumas voltas atrás do colombiano Juan Pablo Montoya, mas mesmo assim mandou na corrida. Jean Todt tirou o chapéu para Barrichello no pódio após comemorar com o segundo piloto da Ferrari uma atuação sem o menor deslize.
Barrichello não teve um ano tão bom como esperava e ainda sofreu a humilhação de ter sido o único integrante de ponta da equipe Ferrari a não ter seu contrato renovado. Mesmo assim, conquistou as duas vitórias mais marcantes de 2003.
A primeira, e mais espetacular de sua carreira, foi na Inglaterra, na casa dos adversários ingleses da Ferrari. A segunda, no Japão, para selar o título de construtores.
O outro brasileiro na competição, Cristiano da Matta, da Toyota, terminou em sétimo a corrida e ficou em 13o. no campeonato, com 10 pontos, depois de terminar duas provas em sexto lugar e outras duas em sétimo.
NADA LEGAL Kimi Raikkonen, vice no campeonato e no Japão, precisava de um milagre nessa prova para ficar com o título. Ele tinha que vencer e torcer para que Schumacher não marcasse pontos, e resumiu com a costumeira economia de palavras dos finlandeses o que se passou com ele.
"Não é muito legal terminar em segundo quase todas as vezes, mas não fomos rápidos o suficiente neste ano para conquistar o título", falou o último sobrevivente dos candidatos ao título deste ano antes de abrir um raríssimo sorriso. "Mas pelo menos não perdemos para um piloto ruim".
Kimi chegou sete vezes em segundo este ano, pouco demais para quem pretendia bater o campeão de todos os campeões, Michael Schumacher. Nenhum piloto jamais conseguiu tirar uma diferença de nove pontos e vencer o campeonato na última corrida da temporada.
Schumacher fechou o ano com 93 pontos contra 91 de Raikkonen. O piloto da Ferrari venceu seis das 16 corridas, a menor quantidade em relação a qualquer outro de seus títulos, no campeonato mais difícil dos últimos anos.
WILLIAMS DECEPECIONADA
Sato, substituindo o canadense Jacques Villeneuve depois que o ex-campeão deixou a equipe antes da prova, terminou em sexto para garantir à BAR o quinto lugar no campeonato de construtores.
Já Juan Pablo Montoya abandonou a prova depois de nove voltas por causa de problemas hidráulicos e isso acabou com as chances da Williams de levar o campeonato de construtores. Seu companheiro de equipe, Ralf, terminou em 12o.
A Ferrari terminou o campeonato com 158 pontos contra 144 da Williams, levando o título pelo quinto ano seguido. A McLaren ficou em terceiro com 142 pontos.
"Foi um final decepcionante para uma temporada brilhante, mas resta bastante estímulo para nós no próximo ano", disse o chefe da equipe, Frank Williams.
|
