Em sua terceira escala da viagem à África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em Moçambique que a proposta do governo brasileiro de integração dos países em desenvolvimento do Hemisfério Sul não tem uma visão hegemônica. Ele, mais uma vez, defendeu a parceria por um mundo com justiça social.
"Se tem uma coisa que eu quero que aconteça na minha vida quando terminar meu mandato, é que as relações entre Brasil e América do Sul, Brasil e África, sejam melhores do que quando eu cheguei à Presidência", afirmou Lula na abertura de um encontro de cúpula. "Nós não temos nenhuma vocação para integração com visão hegemônica. Não queremos hegemonia sobre ninguém, só queremos ser companheiros, parceiros na construção de um mundo social justo."
Depois de ter passado por São Tomé e Príncipe e Angola -- como Moçambique, países de língua portuguesa --, Lula e os 12 ministros que o acompanham discutiram acordos bilaterais em várias áreas.
O mais importante para o Brasil é um projeto a que se candidatou a Companhia Vale do Rio Doce para a exploração de uma mina de carvão em Moatize, região central de Moçambique. O plano prevê a construção de um terminal portuário e a recuperação de uma linha férrea destruída por conflitos que acabaram apenas em 1992.
A previsão da Vale, que reafirmou o interesse no projeto que se arrasta há três anos, é de investimento de 700 milhões de dólares em parceria com sul-africanos, utilizando recursos do Banco Mundial e de outras instituições multilaterais de financiamento. Um dos documentos a ser assinado nesta quarta-feira entre Brasil e Moçambique é ainda um memorando de entendimento na área de geologia e mineração.
O que o governo moçambicano do presidente Joaquim Chissano deseja é incluir no projeto de desenvolvimento do Vale Zambeze, nome do maior rio do país, a construção de pequenas hidrelétricas, o que não está previsto na proposta da empresa brasileira.
No local, já existe a maior usina hidrelétrica de Moçambique, que fornece energia para o país e vizinhos como a África do Sul. O próprio governo moçambicano já retirou nos últimos anos minas terrestres da linha férrea e agora espera investimentos na sua reativação.
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