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O Programa de Jovens do Núcleo da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, em São Bernardo, promoveu no dia 8 de fevereiro, uma caminhada pela Trilha do Carvão, situada na região da Billings, usada por pescadores e moradores. Além da Mata Atlântica e de minas de água, a trilha tem como atração duas grutas, que foram escavadas por carvoeiros nas décadas de 30 e 40, para servirem de fornos para produção de carvão. O passeio teve a participação de 30 pessoas, com uma extensão de 1.200 metros dentro da mata e percurso de barco por trechos da Represa Billings.
Essa nova opção de turismo integrado à natureza faz parte de um projeto idealizado no curso de ecoprofissionalização, junto a estudantes de ensino médio que residem na região. As monitoras da Trilha já concluíram o curso e estão sendo capacitadas na montagem da empresa Billings Tour, voltada ao ecoturismo.
Segundo o secretário de Habitação e Meio Ambiente, Osmar Mendonça, são grandes as possibilidades de desenvolver a economia local. “É preciso aproveitar as potencialidades das reservas naturais da cidade, principalmente as encontradas na represa e na mata de seu entorno. A Prefeitura oferece os recursos humanos e a infra-estrutura pedagógica para fortalecer as atividades na região. Existem alguns projetos em andamento, como a formação de velejadores, para dinamizar a economia e garantir a sobrevivência da comunidade”, disse.
A recepção aos participantes foi feita na Casa da Biosfera, no Bairro Parque Rio Grande. Um vídeo apresentou o trabalho dos seis Programas de Jovens dos Núcleos das Reservas da Região Metropolitana, que inclui a cidade de São Bernardo.
Antes da caminhada, três monitoras desenvolveram algumas dinâmicas de grupo e exercícios de alongamento com os trilheiros. A primeira recomendação foi a de caminharem em silêncio interagindo com os elementos da fauna e flora presentes na Trilha. Em alguns trechos encontram-se bromélias, mini orquídeas e diversos tipos de samambaias. A mais encontrada é a samambaiaçu ou xaxim, uma espécie em extinção, bastante utilizada em floriculturas.
José Geraldo de Oliveira, da cidade de Diadema trouxe o sobrinho, Eduardo da Costa de Oliveira e a amiga Leila Camargo para conhecerem a Trilha. “Aprendi com meu pai as primeiras lições de como preservar a natureza. Para usufruir os benefícios naturais é preciso preservar”, afirmou o visitante.
No final do caminho, próximo à represa Billings, um marco da cota 747, indica que o local está a 747,5 metros acima do nível do mar.
Saindo da parte terrestre, os visitantes seguiram de barco para um passeio por trechos da represa. O barqueiro Anton Petisic um polonês que há 40 anos navega nas águas da represa, contou aos participantes histórias e curiosidades da represa. Entre elas, um cemitério submerso quando da construção da Billings, em 1927, conhecido como cemitério dos poloneses.
Ninhário
Outro local visitado foi o ninhário dos pássaros biguás, recentemente repovoado. O canal do Shimidt e a Balsa João Basso também fizeram parte do itinerário.
O arquiteto de Santo André, Gilson Lameira de Lima, soube da Trilha consultando o site da Prefeitura na Internet e resolveu trazer os filhos Gabriel e Rodrigo para fazerem o passeio. “Quando menino eu pescava na represa, mas há 30 anos não vinha aqui. É muito boa a iniciativa do Poder Público em construir uma cultura de valorização desse patrimônio natural. Sempre vale lembrar a importância que essa região tem para o turismo”,
Na volta o caminho da Trilha do Carvão foi refeito. Os trilheiros foram convidados a recolherem o lixo encontrado no caminho.
Inovações
O coordenador executivo do Núcleo de São Bernardo, Francisco Antônio da Silva falou de alguns planos para o ano de 2003. A intenção é realizar um trabalho com a comunidade do entorno da Trilha. “Vamos fazer a primeira reunião com o moradores em março. A comunidade não sabe porque estamos aqui, precisamos conversar, explicar o trabalho. Faz parte da pedagogia do curso”, explicou.
Outra inovação será o um levantamento sócio-ambiental das áreas do entorno da Billings. As expedições sairão a cada 15 dias e serão abertas ao público. O trabalho vai começar pelo Braço do Rio Capivari e seguirá por todas as áreas da represa.A Reserva da Biosfera é uma parceria da Prefeitura de São Bernardo, UNESCO, governo do Estado, por meio do Instituto Florestal, e da Associação Holística de Participação Comunitária Ecológica – Núcleo da Terra (AHPCE). A UNESCO declarou em 1994, a reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Formada por 73 municípios, abriga importantes remanescentes de Mata Atlântica, como os parques estaduais da Cantareira, Alberto Löfgren, Jaraguá, Jurupará e Serra do Mar. Na região metropolitana participam sete municípios, entre eles São Bernardo do Campo.
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