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Depois de um dia inteiro de protestos e confusões nos postos do INSS, o Ministério da Previdência decidiu ontem suspender o bloqueio do pagamento a idosos com mais de 90 anos e que recebam os benefícios há mais de 30 anos. A suspensão havia sido determinada segunda-feira, em uma tentativa de identificar fraudes, e prejudicou 105 mil idosos. Segundo o Ministério, a partir de segunda-feira o pagamento começa a ser regularizado. Assim, na próxima segunda-feira os bancos pagarão os aposentados e pensionistas com benefícios finais 1 a 5 (que deveriam ter recebido entre o dia 3 deste mês e amanhã, mas não receberam devido ao bloqueio) e os de final 6 (que recebem no sexto dia útil do mês).
O Ministério pretendia, com a medida, identificar pagamentos indevidos feitos em nome de pessoas que já teriam morrido. Segundo técnicos do INSS, as estimativas eram de que cerca de 30 mil dos 105 mil benefícios pagos a pessoas nessa situação fossem irregulares. O problema foi que, para voltar a receber a aposentadoria, os idosos teriam que comparecer a uma agência do INSS ou, se não pudessem se locomover, o representante legal tinha que ir à agência e depois esperar a visita de um agente.
Apesar do anúncio de que haveria atendimento especial aos idosos, muitos deles tiveram de enfrentar filas ontem, no Recife, e mesmo assim voltaram para casa sem maiores explicações. Até houve casos de pessoas com menos de 90 anos que tiveram o benefício cortado. Mara da Silva, 71 anos, aposentada moradora do Recife, não teve tratamento diferenciado. “Deveria ter recebido segunda-feira, mas fui tirar o dinheiro terça-feira porque sou doente e tenho de aproveitar os dias em que estou me sentindo bem. Levei um susto danado. A moça do banco disse que o dinheiro não veio”, lembra. Quarta-feira, Mara foi à agência do INSS e não conseguiu ser atendida. Ontem, chegou às 6h10 e, às 11h, ainda não tinha sido recebida.
O vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), fez um apelo público ao ministro da Previdência para que ele desse um prazo para o recadastramento dos 105 mil idosos com mais de 90 anos. Embora reconheça que a atitude do ministro teve um sentido moralizador, já que há indício de fraude em pelo menos 30% desses benefícios que vinham sendo pagos regularmente, Paim — que foi autor do Estatuto do Idoso e desde abril vem manifestando suas divergências em relação à proposta de reforma da Previdência defendida pelo governo — considera que o Ministério da Previdência se precipitou.
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