Um deputado, que também é presidente do PL, chamado de Valdemar Costa Neto (SP), anunciou com incontida euforia que seu partido incorporou dois outros que atendem pelo nome de PST e PGT, seja lá o que estas siglas significam. Este simples anúncio é mais que suficiente para dar ainda mais visibilidade ao que tem de farsesco quadro partidário nacional. A grande maioria dos “partidos” brasileiros não tem a mais escassa representatividade e são meras agências de rentáveis negócios para aqueles que se apresentam como donos da legenda.
A lei eleitoral estimula a traficância partidária pois os “partidos” nanicos e/ou de aluguel prestam-se para a complementação de exigências da legislação para a superação da chamada cláusula de barreira quando incorporados a outros partidos. Para entender melhor a questão da mercancia política: os tais partidos, o PST e o PGT não têm nenhuma representação no Congresso, mas agora, por obra e graça da incorporação, o PL terá direito a verba do fundo partidário seis vezes maior. (O PL recebe hoje alguma coisa em torno de R$ 60 mil e com a “transação” este valor irá tangenciar um montante entre R$ 350 mil e R$ 400 mil).
Mas não é apenas isso e talvez nem seja o melhor da festa. Com a união, o PL, um dos braços políticos dos evangélicos e partido que deu um quadro seu para ser o vice-presidente da República (o empresário José Alencar) na aliança com o Partido dos Trabalhadores, terá significativamente aumentado o seu tempo de horário gratuito de televisão. Ficará equiparado, no que diz respeito a presença no horário gratuito, aos considerados grandes partidos como o PMDB, PFL, PSDB, ou ao próprio PT.
Registre-se aqui que sem a incorporação o partido do vice-presidente não teria direito ao pleno funcionamento parlamentar pois nas últimas eleições a votação por ele obtido ficou aquém do que estabelece a cláusula de barreira. (Como se sabe, a Lei Orgânica dos Partidos exige para o amplo funcionamento das legendas que elas obtenham, no mínimo, 5% dos votos apurados em pelo menos 9 Estados, com um mínimo de 2% em cada um deles. O PL só obteve 4,32%, abaixo, portanto, do mínimo). Só esta indecência - o mercado de legendas - seria suficiente para que se faça uma reforma política em nosso País.
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