|
PMDB e PP bateram de frente nesta segunda-feira sobre qual partido vai ocupar a pasta de Comunicações na reforma ministerial, prestes a ser anunciada.
Em Curitiba, o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), falou em tom de ultimato ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condicionando a permanência do PP na base aliada à cessão do ministério de Comunicações. O pepebista Ciro Nogueira (PP-PI) é dado como nome praticamente certo para suceder Eunicio Oliveira na pasta.
"Se o presidente não assinar amanhã (terça-feira) a indicação do Ciro pelo PP, o partido poderá ser um aliado do PFL. Ou teremos um ministro ou tomaremos uma posição diferente", disse o presidente da Câmara referindo-se ao deputado Ciro Nogueira, indicado por Severino.
À noite, Severino foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, mas, após cerca de uma hora, Severino saiu sem dar entrevistas.
Também nesta segunda-feira, o presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer, revelou que a bancada do partido está insatisfeita com as pressões do PP para assumir as Comunicações. Temer se reuniu com o presidente Lula para discutir uma possível aliança entre PT e PMDB nas eleições de 2006.
"O que sei é que a bancada não está satisfeita com essa pressão para tirar um ministério que já está com o PMDB", ressaltou.
Michel Temer negou que estaria incomodado com o fato do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o ex-presidente da Casa, José Sarney (AP), liderarem as negociações com o governo sobre a participação dos peemedebistas na Esplanada dos Ministérios.
"O que deixei claro ao presidente é que não há monopólio de interlocução. Nem eu quero o monopólio".
Sobre a possibilidade de a senadora Roseana Sarney (PFL-MA) filiar-se ao PMDB e ocupar uma pasta ministerial, Temer afirmou que ela será "bem-vinda" por suas qualidades, e não por ganhar um "ministério".
Apesar da alusão à provável saída de Eunício da pasta de Comunicações, Temer garantiu que reforma ministerial não foi tema do encontro. Após a audiência no Palácio do Planalto, ele disse que o principal objetivo do encontro foi discutir medidas que possam garantir a governabilidade, especialmente na votação de projetos de interesse da base aliada na Câmara de Deputados.
Segundo Temer, Lula está preocupado com a falta de unidade em torno das votações no Congresso Nacional e com a aprovação de projetos que aumentam os gastos da União.
"O que ele (Lula) quer, e nós também queremos, é garantir a governabilidade, ou seja, a aprovação de projetos conseqüentes na Câmara dos Deputados", disse.
Temer informou que uma possível aliança com o PT nas eleições de 2006 foi discutida na reunião, mas lembrou que os peemedebistas já decidiram ter candidatura própria. "Eu disse a ele que há uma decisão da convenção nacional no sentido de que o PMDB tenha uma candidatura própria, mas não significa que a sigla vai opor-se aos projetos do governo", ressaltou.
O deputado reconheceu que é díficil uma "unidade" dos dois partidos em todo o país, já que em alguns Estados, como o Rio Grande do Sul, existe uma forte disputa entre peemedebistas e petistas.
|
