O torcedor brasileiro já se acostumou. Quando a seleção brasileira joga pelas Eliminatórias para a Copa dois sentimentos são garantidos: frustração e sofrimento. Contra o Peru, não foi diferente. Com a magra vitória por 1 a 0, ontem, no Serra Dourada, em Goiânia, o time de Carlos Alberto Parreira pelo menos cumpriu sua obrigação de vencer o vice-lanterna do torneio, consolidou-se no 2.º lugar, com 23 pontos - dois a menos que a Argentina -, e caminha com relativa tranqüilidade para a classificação - as quatro melhores equipes garantem presença na Alemanha.
Mas o nível do futebol apresentado foi abaixo da crítica, especialmente no primeiro tempo, quando a seleção fez uma de suas piores exibições nas Eliminatórias. O que se viu foi um time excessivamente centralizado, lento na ligação entre o meio-campo e o ataque e que insistiu demais nos cruzamentos para a área.
Vários jogadores e o próprio Parreira preferiram culpar o calor de Goiânia, que teria desgastado muito os "europeus" da seleção.
Os melhores lances ofensivos ocorreram pelo lado direito. Logo aos 2 minutos, Cafu cruzou bem, mas Ronaldo não conseguiu tocar de cabeça. Aos 21, o lateral acionou novamente o artilheiro das Eliminatórias (9 gols), que passou da bola e perdeu boa chance.
O atacante do Real Madrid teve tudo para abrir o placar aos 32, quando recebeu frente a frente com Ibañez, mas chutou mal e o goleiro peruano ficou com a bola.
Ao contrário de Cafu, Roberto Carlos foi pouco explorado e reclamou várias vezes dos companheiros, pedindo para ser acionado. "Estamos nos precipitando nas jogadas pelo meio. Precisamos usar mais as laterais", apontou o jogador, no intervalo.
O Peru fez exatamente o que se esperava dele: explorou os (raríssimos) contra-ataques com Palacios e Pizarro. A dupla levou perigo a quatro minutos do intervalo, quando Lúcio e Juan se atrapalharam e não fosse a antecipação de Dida, Pizarro poderia ter aberto o placar, no chute cruzado de Palacios.
Robinho
A entrada de Robinho no lugar de Juninho Pernambucano, na volta para o segundo tempo, era tudo o que a torcida queria. Mas não foi suficiente para melhorar a qualidade do futebol da seleção. A equipe ganhou em jogadas individuais, ponto forte do atacante do Santos, mas seguiu burocrática.
Pelo menos, o time pareceu mais disposto e ainda foi prejudicado por um erro da arbitragem.
Ronaldinho Gaúcho sofreu pênalti de Vilchez, mas Carlos Amarilla julgou que o atacante do Barcelona tentou cavar a falta dentro da área e lhe deu cartão amarelo.
Aos 28, quando Ricardo Oliveira já se preparava para entrar no lugar de Kaká, o meia do Milan salvou a equipe. Na única jogada bem sucedida do ataque em todo o jogo, Ronaldo tabelou com Ronaldinho Gaúcho e serviu a Kaká, que avançou livre e finalizou com precisão, na saída de Ibañez: Brasil 1 a 0.
Dez minutos depois, o autor do gol foi substituído, só que por Renato - já que naquela altura da partida, Carlos Alberto Parreira estava mais preocupado em garantir o resultado, mesmo que o adversário não tenha obrigado Dida a fazer nenhuma defesa difícil.
Já nos acréscimos, Ronaldo teve a chance de salvar sua apagada exibição. Dominou dentro da área, driblou Guadalupe, mas bateu em cima de Ibañez.
A fraca atuação e o magro resultado foram resumidos pelo próprio Parreira. "Melhoramos no segundo tempo. Valeu pelos três pontos", observou, no final da partida.
BRASIL 1 X 0 PERU
BRASIL
Dida
Cafu
Lúcio
Juan
Roberto Carlos
Emerson
Juninho (Robinho)
Zé Roberto
Kaká (Renato)
Ronaldinho
Ronaldo
Carlos Alberto Parreira.
PERU
Ibañez
Soto
Rebosio
Rodriguez (Guadalupe)
Vilchez
Jayo
Zegarra
Jayo
Zegarra
Solano (Cominges)
Farfán
Palacios (Olcese)
Pizarro
Paulo Autuori.
Juiz: Carlos Amarilla (PAR).
Local: Serra Dourada (Goiânia).
Público: não divulgado
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