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Mais do que reconstruir a sua base de apoio no Congresso, os principais dirigentes do PSB pediram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que retome os compromissos históricos da esquerda para com o País. O recado foi dado pelo presidente nacional do partido, deputado Miguel Arraes (PE), que deixou o gabinete de Lula ontem, às 22h30, após uma conversa de duas horas que foi acompanhada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, e pelo líder do partido na Câmara, deputado Renato Casagrande (ES).
Para Arraes, o fracasso do Governo Lula significará o fracasso da esquerda não só no Brasil, mas na América Latina. "O Governo tem que dar mais sinais no campo da esquerda, resgatar os compromissos firmados no processo eleitoral com a sociedade", alertou, segundo um dos presentes. Caso contrário, complementou o dirigente, partidos como o próprio PT, o PSB e o PCdoB serão os principais prejudicados.
Arraes ressaltou que o partido compreendeu a necessidade das medidas ortodoxas adotadas pelo Governo na área econômica, mas avaliou que o período de transição já passou e, portanto, está na hora de o Governo imprimir a sua marca. "O Arraes está muito preocupado com os rumos do Governo. Lula está a pouco tempo de concluir o seu mandato e é grande a necessidade de recuperar as teses da esquerda", contou um dos presentes.
O PSB está elaborando um documento que deverá ser divulgado nos próximos dias em que expõe esta preocupação. A intenção, segundo o líder do partido na Câmara, não é romper com o Governo, mas "tencionar", cobrar como aliado os compromissos firmados quando da aliança para a eleição de Lula.
Neste sentido, os socialistas acreditam que partidos como o PPS e o PDT, que decidiram romper com Lula pelos mesmos motivos apontados pelo partido, optaram pelo caminho errado. Como também são do campo da esquerda, as duas siglas serão afetadas com um fracasso do Governo petista. "O PDT e o PPS estão com visões equivocadas", disse Casagrande.
No encontro, o presidente Lula mais ouviu do que falou. Ele reconheceu as dificuldades do Governo com a base aliada, os erros do PT e na articulação do Planalto com o Congresso. Ao final prometeu se envolver mais nas discussões políticas e abrir espaço para que os partidos participam da sua administração.
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