A bancada parlamentar de sete deputados do Partido Verde (PV) anunciou esta tarde o desligamento da base aliada do governo afirmando sua "total independência" em um comunicado no qual afirmou que "o governo, desprezando a colaboração da ministra Marina Silva, representa um retrocesso na politica ambiental brasileira".
A nota oficial lista uma série de motivos para o rompimento - a importação de pneus usados, passando pela legalização dos transgênicos e o projeto de transposição do São Francisco, política industrial equivocada no Pantanal, e agora o desmatamento da Amazônia de 26.130 quilômetros quadrados. "A morte por desnutrição de 38 crianças guaranis-caiuás em Dourados revelou dramaticamente a ausência de uma política indigenista, assim como os projetos para a construção de mais uma usina nuclear são fatores também que nos impulsionaram para esta tomada de posição", diz o comunicado.
O partido comunica também seu apoio ao esforço de recuperação da imagem do Congresso Brasileiro, apóia a CPI dos Correios e Telégrafos e comunica que vai orientar sua ação parlamentar na crítica "à política ambiental desastrosa e se identificar com as aspirações legítimas da sociedade por um caminho de renovação, exigindo transparência do governo."
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, é filiado ao PV. O presidente nacional do partido, José Luiz Penna, disse que o ministro estaria "muitíssimo chateado" com a situação, mas não comentou sobre a possibilidade de deixar a pasta. "Se as verbas voltarem, vamos olhar a questão de outra maneira", disse o presidente do partido.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) disse que permanecer na base governista era uma situação que incomodava e era insustentável em função da política ambiental. "Queremos colocar o partido em sintonia com os anseios da sociedade. Apoiamos a CPMI dos Correios", afirmou Gabeira.
Leia abaixo a nota na íntegra
Depois de 28 meses de colaboração com o governo, à espera de que fossem cumpridos os compromissos programáticos no campo sócio-ambiental, a bancada do Partido Verde decide, hoje, retirar-se da base de apoio ao Presidente Lula.
Desde a importação de pneus usados, passando pela legalização dos transgênicos e o projeto de transposição do São Francisco, política industrial equivocada no Pantanal, culminando agora com o desmatamento da Amazônia de 26.130 quilômetros quadrados, o governo Lula, desprezando a colaboração da ministra Marina Silva, representa um retrocesso na política ambiental brasileira.
A morte por desnutrição de 38 crianças guaranis-caiuás em Dourados revelou dramaticamente a ausência de uma política indigenista, assim como os projetos para a construção de mais uma usina nuclear são fatores também que nos impulsionaram para esta tomada de posição.
Ao afirmar sua independência, num triste dia onde números astronômicos de desmatamento amazônico são anunciados, o Partido Verde comunica também seu apoio ao esforço de recuperação da imagem do Congresso Brasileiro, apóia a CPI dos Correios e Telégrafos e comunica que vai orientar sua ação parlamentar na crítica a uma política ambiental desastrosa e se identificar com as aspirações legítimas da sociedade por um caminho de renovação, exigindo transparência nas práticas governamentais.
O Partido Verde nasceu com uma proposta de mudança e prosseguirá firme na luta por essa mudança, dispondo-se a apoiar ou rejeitar projetos, como faz na prática, não por uma suposta obediência cega à bancada governista mas a partir de sua consciência ecológica e do programa sócio-ambiental aprovado pela sociedade brasileira. Brasília, 19 de maio de 2005.
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