O ministro demissionário José Dirceu voltou a afirmar na noite desta quinta-feira a jornalistas, que o aguardavam do lado de fora de sua residência, que deixa a Casa Civil para defender o governo Lula no Congresso e que agora o principal problema do Brasil é votar as reformas política e tributária e as LDOS, dentro de uma "agenda de desenvolvimento". Questionado se pode entrar em confronto com o colega Roberto Jefferson na Câmara Federal, desconversou: "Estou tranqüilo com relação a isso", sentenciou. As declarações foram dadas durante uma festa que Dirceu realizou em sua casa e que contou com as presenças do ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha, do senador José Sarney (PMDB-AP) e do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Descontraído, o petista defendeu rigor na apuração das denúncias de que o governo estaria promovendo um "mensalão" entre parlamentares em troca de fidelidade ao Planalto.
"A minha maior preocupação é que as investigações tanto da Polícia Federal como as do Ministério Público continuem e que a Câmara apure através de suas instâncias e que também o Congresso apure tudo com transparência", disse. "Este não é o maior problema do Brasil. Agora precisamos enfrentar a reforma política, a reforma tributária, pois o Brasil tem uma agenda de desenvolvimento. Continuaremos crescendo e desenvolvendo o País", afirmou.
"Vou ajudar o Genoino no PT, a bancada na Câmara e ao PT como sempre fiz. Vamos explicar com tranqüilidade e serenidade o que está acontecendo e vou percorrer o Brasil para falar das transformações que estamos fazendo no País. Vamos prestar contas à sociedade", finalizou.
Futuras funções
Dirceu reassume na próxima quarta-feira sua vaga como deputado federal pelo Estado de São Paulo. Como parlamentar, irá depor em todas as investigações na CPI dos Correios e no Conselho de Ética da Câmara. Não deverá assumir a liderança do governo, em substituição a Arlindo Chinaglia (PT-SP), como chegou a ser sugerido por lideranças petistas. Ainda assim, será o articulador do Planalto na defesa das acusações de Jefferson sobre o suposto "mensalão".
Nos próximos dias, a ser confirmada uma reforma ministerial ampla, devem reforçar a bancada petista os atuais ministros da Coordenação Política, Aldo Rebelo; do Trabalho, Ricardo Berzoini; e de Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos. Também devem deixar a Esplanada dos Ministérios Henrique Meirelles (presidente do Banco Central), Romero Jucá (Previdência) e o petista Humberto Costa (Saúde).
Lula pretende que o agora ex-ministro se candidate à presidência do partido nas eleições deste ano, em substituição a José Genoino. O chefe de Estado também planeja que, a exemplo das últimas eleições presidenciais, Dirceu coordene a campanha do PT em busca de um segundo mandato.
Apoio
No final da noite, integrantes da cúpula petista se reuniram para avaliar a demissão de Dirceu e a estratégia de defesa no Congresso a partir do retorno do ex-ministro à Câmara. Na saída do encontro, todos os entrevistados foram econômicos nas palavras e demonstraram unidade ao defender o colega de partido.
O deputado federal Vicentinho (SP) foi um dos que elogiaram o ex-chefe da Casa Civil: "Foi uma atitude de grandeza", disse, se referindo à decisão de deixar o governo assumida por Dirceu. Nesta sexta-feira à noite, José Dirceu e outras lideranças participarão de ato na capital paulista em defesa do PT e da democracia no Brasil", segundo os petistas.
Assista à despedida de José Dirceu, PT, dia 16, no Palácio do Planalto em Brasília no link abaixo
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