O cientista político da Universidade de Brasília, professor João Paulo Peixoto, disse que "a saída do ministro José Dirceu terá um efeito dominó". Ele afirmou, em entrevista à rádio Nacional AM, que o governo deu início a um processo de mudança destinado a devolver a Dirceu liderança no processo político, a partir de sua volta como deputado federal ao Congresso. Segundo ele, "sua saída teria sido apenas a primeira mexida que acontecerá no Ministério e possivelmente em outros escalões do governo federal. Existem outros ministros, por exemplo o presidente do Banco Central e o ministro da Previdência, investigados pela Justiça". Peixoto disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá aproveitar essa oportunidade para "fazer as alterações que ele precisa fazer" e "reacomodar" a política brasileira.
"Sem dúvida, estamos vivendo uma situação de crise política no Brasil. Porém, não é maior nem menor do que outras crises que vivemos, e existem condições desses assuntos serem resolvidos pelos mecanismos institucionais e democráticos existentes atualmente no estado brasileiro", disse o cientista político.
De acordo com o professor, qualquer mudança no governo em um primeiro momento, é um pouco traumática, até que as peças se ajustem. "Dependerá muito da escolha correta do sucessor do ministro José Dirceu. Mas ele retorna à Câmara dos Deputados e, certamente, continuará tendo um papel influente, tanto no PT, como na Câmara e na política brasileira".
O cientista político disse que já há algum tempo o ministro José Dirceu estava "um pouco retirado da linha de frente das ações governamentais" e que desde quando ele deixou a coordenação política, tem tido uma atuação mais "discreta" nas decisões políticas e de negociações com o Congresso.
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