O Brasil lidera o ranking de desigualdade social na América Latina, segundo relatório sobre a Situação Social Mundial divulgado na quinta-feira pela Organização das Nações Unidas (ONU). O documento mostra ainda que apesar do significativo crescimento econômico em algumas regiões do planeta, o mundo está mais desigual do que há 10 anos.
Segundo a ONU, a renda per capita dos 10% mais ricos da população brasileira é 32 vezes maior do que a obtida pelos 40% mais pobres.
No Uruguai e na Costa Rica, países menos desiguais da região, os 10% mais ricos ganham 8,8 e 12,6 vezes mais, respectivamente, do que os 40% menos favorecidos.
O documento aponta ainda que o desemprego na América Latina vem crescendo desde a década de 1990. As únicas exceções são o Brasil, cuja taxa de desemprego tem registrado estagnação, de acordo com o relatório, e o México, país que apresentou redução no número de pessoas sem trabalho.
Segundo a ONU, o documento mostra que o foco no crescimento econômico e na geração de renda não são suficientes para evitar a "transmissão da pobreza". "(Isso) pode levar à acumulação de riqueza por alguns e ao aprofundamento da pobreza de muitos", disse a Organização.
"Não conseguiremos avançar na agenda de desenvolvimento sem lidar com os desafios da desigualdade dentro dos países e entre eles", afirmou, em nota, o sub-secretário-geral para Economia e Questões Sociais da ONU, Jorge Ocampo.
De acordo com o relatório, no início dos anos 90, os 10% mais ricos dos países da América Latina detinham até 45% da renda nacional. No início deste milênio, essa diferença aumentou em oito países e o Brasil, que está entre os três países mais desiguais do mundo, detém o recorde da região: os 10% mais abastados têm uma renda equivalente a 32 vezes o que recebem os 40% mais pobres.
A região também perdeu espaço no mundo. Em 1980, América Latina e Caribe tinham uma renda per capita média de 18% dos rendimentos dos países mais ricos do mundo. Em 2001, os ganhos aqui eram de só 12,8% dos obtidos nas nações mais prósperas.
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