Alvo de inquérito da Polícia Federal por conta de denúncias de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha (crimes que justificaram um pedido de prisão preventiva, a ser analisado pelo Ministério Público), o ex-prefeito da capital paulista Paulo Maluf se diz desgostoso com o PP e anunciou, neste fim de semana, que irá deixar o partido, citado como um dos principais envolvidos no escândalo de caixa dois e "mensalão". De acordo com o Jornal do Brasil, Maluf afirmou que não se sente mais "confortável" no PP. "Não preciso me justificar. É só ler os jornais", declarou, salientando que seus "inimigos" não vão acreditar na decisão.
O anúncio da desfiliação voluntária de Paulo Maluf ocorre dias depois de o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, ser acusado de receber propina de um concessionário de restaurante da Casa para renovar o contrato e rolar uma dívida. Maluf, que uma vez já foi a principal força política do PP, antigo PDS, vem perdendo espaço na sigla e, no ano passado, parlamentares da legenda pediram, sem sucesso, o afastamento formal do ex-prefeito.
Especula-se que o destino mais provável de Maluf seja o PTB do deputado Roberto Jefferson (RJ), autor das primeiras denúncias de "mensalão" e considerado "maltido" pela cúpula do PP por haver denunciado medalhões como José Janene (PR) por haverem sacado dinheiro de caixa dois das contas do empresário Marcos Valério.
Falando à rádio Bandeirantes, Paulo Maluf criticou o pedido de prisão contra si efetuado pela PF, o qual terá ainda de ser analisado pela Procuradoria antes de ser encaminhado ao Judiciário. Para ele, as acusações se tratam de "cortina de fumaça" e "pirotecnia" para acobertar "maracutaias que estão acontecendo lá em Brasília".
A mudança partidária anunciada por Maluf ocorre na mesma época em que o vice-presidente José Alencar deixa o PL e é alvo de disputa de pelo menos cinco partidos: PMDB, PDT, PFL, PSB e PPS. O motivo da debandada de Alencar estaria ligado também ao escândalo do "mensalão", enquanto o vice-presidente e ministro da Defesa pensa em se candidatar em 2006 à Presidência da República ou ao governo de Minas Gerais. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, renunciou ao mandato de deputado federal após a revelação de que também sacou dinheiro do esquema de caixa dois montado pelo PT. Alencar era contrário à manutenção de Costa Neto na presidência do partido.
Ainda existe a possibilidade de Alencar repetir a chapa com Lula no próximo ano, mas a tendência é de a mesma ser desfeita. Independentemente da decisão que vier a tomar, o vice-presidente tem até o final de setembro para escolher a nova legenda, sob pena de ficar impedido de concorrer em 2006.
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