O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) comunicou nesta terça-feira ao plenário do Senado que deixará a presidência do partido para se defender "livremente" das acusações de receber dinheiro do empresário Marcos Valério durante a campanha de reeleição ao governo mineiro, em 1998. "Em que pesem, porém, minha indignação e revolta contra os ataques covardes que venho sofrendo e que visam atingir indiretamente o PSDB, um dos principais partidos da oposição, tomo a decisão de antecipar os fatos", afirmou Azeredo. No dia 18 de novembro, o PSDB realizará convenção nacional onde elegerá o novo diretório e o novo presidente. Até lá, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) ocupa a presidência da legenda.
Na análise do senador, a decisão de se retirar da presidência levará "tranqüilidade e concentração" ao processo sucessório. E deixará o PSDB mais "à vontade" para combater os "erros" do governo: "Para essa luta, que interessa a toda a sociedade brasileira, continuarei firme na trincheira deste Senado e do meu partido".
Azeredo disse acreditar que está sendo usado como "instrumento" de uma "farsa" para desviar a atenção da população brasileira dos escândalos envolvendo o governo e o PT. "Não permitirei que usem meu nome para encobrir a corrupção do governo. Escolheram a mim como alvo por estar exercendo a presidência do PSDB", acusou.
Em depoimento na CPMI dos Correios, o ex-tesoureiro da campanha do senador mineiro, Cláudio Mourão, confessou ter pego R$ 11 milhões com o empresário Marcos Valério. Azeredo disse não ter tomado conhecimento e nem autorizado o empréstimo. E que foi informado da dívida um ano depois da campanha.
Matéria publicada pela revista Isto É nesta semana revela que uma dívida de R$ 700 mil da campanha do senador com o ex-tesoureiro também foi paga parcialmente - R$ 500 mil - por Valério. O repasse, segundo o parlamentar mineiro, foi resultado de acordo entre Mourão e o empresário, para evitar o processo judicial.
Azeredo divulgou na tarde desta terça-feira uma nota à imprensa para se defender das denúncias de uso de "caixa dois". No texto, diz que só tomou conhecimento dos empréstimos negociados pelo tesoureiro de campanha, Cláudio Mourão, com o empresário Marcos Valério em 1999, e que não reconheceu as dívidas.
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