No momento em que mantém seguidas críticas à imprensa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou ontem mais combustível na turbulenta relação entre mídia e Palácio do Planalto. No Itamaraty, primeiro falou em "falta de educação" dos jornalistas que lhe dirigiram perguntas. Depois, pediu que um assessor levasse aos repórteres o recado de que "está ficando insuportável" o hábito de o questionarem aos gritos.
O presidente ficou irritado ao ser abordado por jornalistas no saguão do Itamaraty, quando, ao lado do ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), aguardava a chegada do primeiro-ministro da Jamaica, Percival Patterson. Como em todas as vezes que o presidente vai ao local, repórteres, fotógrafos e cinegrafistas estavam confinados em um canto do salão, em espaço delimitado por fitas e protegido por seguranças, a cinco metros de Lula, descreveu o jornal Folha de S.Paulo.
Ontem, o presidente fez um comentário ríspido aos repórteres quando questionado sobre as denúncias de que campanhas petistas teriam sido financiadas por Cuba: "Mas que falta de educação". Ante a insistência das perguntas, questionou: "Vocês não querem falar da Jamaica?". O presidente disse que depois faria uma "declaração". Quando o premiê jamaicano chegou, não houve nenhuma pergunta ou interrupção.
Em quase três anos de governo, Lula deu uma entrevista coletiva, com regras rígidas que na prática impediam questionamentos mais incisivos.
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