O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que definirá sua candidatura à reeleição no limite do prazo de inscrição e disse que independentemente disso terá que governar o Brasil até 31 de dezembro. "Eu vou continuar andando no limite do tempo que eu tiver para tomar a decisão. Eu não sou obrigado a assumir candidatura. Quem é obrigado são os adversários, que têm que se afastar em março", afirmou Lula a jornalistas após desembarcar no aeroporto internacional de La Paz para a posse do presidente eleito da Bolívia, Evo Morales. Os partidos têm até o final de junho para realizar convenções que definam seus candidatos à presidência. Políticos que almejam entrar na disputa e ocupam cargos em prefeituras ou governos de Estado têm que se afastar da função até março.
Lula relembrou que foi contra a aprovação da reeleição durante o governo do seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Sobre as críticas da oposição segundo as quais ele estaria em campanha pelo Brasil ao inaugurar obras, Lula disse que "nós trabalhamos três anos plantando. Agora está na hora de nós colhermos".
Os partidos têm até o final de junho para realizar convenções que definam seus candidatos à presidência. O primeiro turno da eleição presidencial ocorre em outubro. Políticos que almejam entrar na disputa e são prefeitos ou governadores têm que se afastar do cargo até março.
"Não tenho data marcada, não tenho pressa... Nao tenho nenhum problema de definir candidatura", disse Lula, que caminhava lentamente e falava devagar devido ao ar rarefeito na capital boliviana, que fica mais de 3,5 mil metros acima do nível do mar.
Século da América Latina
Sobre a posse de Evo Morales, Lula afirmou que trata-se de "uma coisa muito gratificante para as populações indígenas de toda a América Latina". "Todos os presidentes da América Latina têm a obrigação de fazer um esforço grande para que a Bolívia possa consolidar sua democracia, que o presidente Evo Morales possa governar atendendo aos interesses da maioria do seu povo."
Ainda conforme Lula, os países latinos vivem "um momento excepcional", com as forças progressistas vencendo eleições. "Isso só aumenta o nosso compromisso com a integração."
"Este século tem que ser o século da América Latina. Já foi o século da Europa, já foi o século dos Estados Unidos e agora é a nossa vez. A América Latina tem que acreditar nisso", comentou.
Salário mínimo
Lula disse que tomará uma decisão sobre o novo salário mínimo na terça-feira, dia em que tem agendada reunião com sindicalistas e representantes do governo sobre o tema. O presidente indicou que não deve antecipar para abril o início da vigência do novo mínimo, como querem as centrais sindicais.
Na última quinta-feira, líderes das centrais sindicais discutiram com representantes do governo por sete horas sem chegar a um acordo definitivo sobre o mínimo. As centrais, que iniciaram as negociações em dezembro com a proposta de elevar o salário mínimo de R$ 300 para R$ 400, chegaram com a contraproposta de R$ 350 a partir de abril, um mês antes da data tradicional para o pagamento do valor. Outro ponto em discussão é o percentual de correção da tabela do Imposto de Renda para pessoas físicas.
"Eu fui dirigente sindical e, cada vez que eu sentava em uma mesa para negociar e saía a proposta nos jornais, eu tinha dificuldade inclusive para negociar com a minha gente na base", disse. "Nós temos até maio para votar o salário mínimo, nós não temos que votar amanhã."
O presidente deixou La Paz na tarde de domingo e seguiu para Brasília.
|