O governo israelense decidiu ignorar o novo governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e iniciou uma campanha diplomática para convencer o Ocidente a seguir seus passos até que o Hamas desarme a sua milícia. Israel não dialogará nem tratará com o governo do Hamas até que o movimento islâmico, vencedor das eleições legislativas de quarta-feira, deixe o caminho do terrorismo, disseram porta-vozes oficiais. "Um governo palestino dirigido ou do qual faça parte Hamas transformará a ANP em um Governo que apóia o terrorismo", disse o primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, hoje após a reunião de emergência realizada ontem à noite com os membros de seu gabinete para Assuntos de Segurança.
Recorrendo à terminologia empregada por Ariel Sharon para referir-se a Yasser Arafat, o primeiro-ministro israelense manifestou que "Hamas não é um parceiro para a paz" e que "Israel e o mundo ignorarão esse Governo, que será, portanto, irrelevante".
Ainda assim, Olmert defendeu uma postura prudente e sugeriu esperar pelos próximos passos da organização islâmica. "Sugiro não deixar-nos arrastar pela corrente porque estamos no princípio do processo e Israel é um país forte e não há motivo para se alarmar", afirmou o premier interino.
Por enquanto, o boicote israelense se traduziu no congelamento da transferência mensal dos impostos e taxas de alfândegas à ANP, um dinheiro do qual vivem os cofres públicos palestinos e que lhes é de direito segundo os acordos de Oslo.
Além disso, em resposta à arrasadora vitória dos islâmicos, que obtiveram 76 das 132 cadeiras no Conselho Legislativo, Israel lançou uma campanha diplomática internacional para obter garantias de que nenhum Governo dialogará com Hamas até que este grupo se adapte aos valores de qualquer democracia.
A ministra israelense das Relações Exteriores, Tzipi Livni, deu início, na madrugada passada, a uma série de ligações telefônicas para colegas de todo o mundo com o objetivo de organizar uma posição comum e exigir do Hamas o desarmamento de seus homens e a eliminação de sua ideologia de destruir a Israel, que aparece em sua carta de fundação.
A ministra falou, entre outros, com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, o alto representante de Política e Segurança Comum da União Européia, Javier Solana, e seus colegas da Áustria e da Alemanha.
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