A advogada Maria Cristina de Souza Rachado, que participa de acareação na CPI das Armas com o técnico de som Artur Vinícius Pilastre Silva, negou que tenha pago R$ 200 pelo áudio de sessão reservada da CPI em que delegados de São Paulo falam sobre o PCC. O conteúdo da fita teria sido repassado para o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) Marcos Camacho, o Marcola.Maria Cristina e o advogado Sérgio Weslei da Cunha, que acabou sendo preso hoje pela CPI por desacato, negam ter pago qualquer quantia para que Silva lhes entregasse CD com gravação do áudio de uma reunião sigilosa da CPI. Silva alega ter recebido R$ 200 das mãos da advogada, que correspondia a "um cafezinho" que Weslei teria lhe oferecido pelo serviço. O advogado, na versão de Silva, teria prometido um pagamento suplementar. "Vou falar com os meninos para te mandar algo", relatou Silva.
A advogada negou que tenha pago R$ 200 a Artur. "Eu não paguei nada. A verdade é que ele quer jogar a culpa em mim", diz Maria Cristina. "Eu entrei numa loja enquanto eles (Artur e Weslei) conversavam", disse a advogada, alegando que não ouviu a parte sobre a negociação da fita.
Maria Cristina alega que devolveu um dos CDs com cópia da gravação sigilosa que Artur lhe entregou. Ela é acusada de repassar as informações sigilosas a integrantes do PCC presos, o que poderia ter influenciado na ordem dos ataques contra policiais em São Paulo.
Maria Cristina disse que Silva deve ter cuidado porque está lidando com uma organização criminosa. "Mas você não é advogada deles?", perguntou o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). "Eu não. Eu advogo apenas para o Marcos Vinícius Marcola", disse a advogada. Marcola é líder da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
"Confissão"
A advogada afirmou que o técnico de som "não quis receber o dinheiro lá dentro da loja onde foi copiado o CD". O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) entendeu que a frase da advogada constitui uma confissão. "Se ele não quis receber o dinheiro lá dentro, fica claro que alguém lhe ofereceu dinheiro", disse o parlamentar. A advogada negou. "Eu não quis dizer isso."
Os deputados questionaram Maria Cristina sobre o e-mail trocado entre ela e Artur Silva em que eles estariam combinando como seria pago o valor combinado pela fita. Em um dos e-mails, Artur diz a Maria Cristina: "Preciso de meio para envio de um HC aqui em Brasília." Na resposta, Maria Cristina disse a Artur Vinícius: "Conforme combinamos, Vincíus, segue e-mail para você remeter o andamento de HCs em Brasília."
Ela alegou que estava combinando uma prestação de serviço para que Artur acompanhasse pedidos de habeas-corpus em tribunais em Brasília. Já Artur diz que se tratava de pedido de dados para depósito bancário.
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