A empresa Planam, que tem como sócio Luiz Antonio Vedoin, acusado de chefiar o esquema de compra de ambulâncias superfaturadas com dinheiro do Orçamento-Geral da União teve um salto na movimentação bancária de 2003 em diante. Segundo a Polícia Federal, a Planam movimentou R$ 3,19 milhões em 2003, primeiro ano do governo Lula, que executou o orçamento preparado e aprovado pelo governo Fernando Henrique Cardoso. Em 2004, no ano do primeiro orçamento do PT, a movimentação da Planam foi para R$ 21,1 milhões, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.
O crescimento da empresa deu um salto no mesmo período em que o Ministério da Saúde estava sob a chefia de Humberto Costa (PT) e, depois, de Saraiva Felipe (PMDB). Ontem a CPI dos Sanguessugas criou uma nova sub-relatoria que investigará a atuação da máfia no Poder Executivo.
De acordo com as investigações, a Planam montou um esquema de assédio aos prefeitos, oferecendo a compra das ambulâncias que estavam sob a fraude. A operação incluía convites para viagens com todas as despesas pagas, estandes com belas recepcionistas em congressos de municípios e até em festas de peão de boiadeiro.
O ex-prefeito da cidade paulista de Itaporanga Pedro Ferraz (PSDB) contou que passou a ser assediado em 2002, quando conheceu o representante da Planam Sinomar Martins Camargo, no congresso promovido pela Associação Paulista de Municípios (APM) em Serra Negra, interior paulista. Camargo, um dos 81 indiciados pela Polícia Federal por envolvimento no esquema, teve a prisão decretada e está foragido.
Para o congresso, a Planam tinha levado para mostrar aos prefeitos uma ambulância com UTI e um microônibus adaptado para funcionar como ambulatório odontológico. Segundo Ferraz, a proposta era feita de forma aberta: "A nota fiscal da prefeitura deveria incluir, além do valor do veículo, mais 20% da empresa, 10% para o deputado e outros 10% para o prefeito," disse.
Ainda de acordo com o prefeito, o representante da Planam tinha várias listas com nomes dos deputados ligados ao esquema. O prefeito poderia escolher qualquer um, bastava providenciar duas cartas-convite para cada veículo. A carta-convite é uma forma simples de licitação pela qual a prefeitura convida empresas para apresentar propostas de fornecimento de bens ou serviços até um determinado valor.
O ex-prefeito foi a um evento em Brasília, "com tudo pago" pela Planam. "Eles tinham um estande muito grande e havia prefeitos de vários Estados," contou. Em outro evento, o prefeito encontrou novamente o representante da Planam, mas disse a ele que já havia conseguido as ambulâncias por interferência do deputado Arnaldo Madeira, sem pagar nenhuma comissão. Ferraz disse que chegou a ser ameaçado pelo empresário.
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