A revolucionária criação do computador pessoal, pela IBM, faz 25 anos neste sábado. O PC cresceu para redefinir a vida moderna, a forma como as pessoas trabalham e até a busca pela cara-metade. O IBM 5150 estabeleceu um padrão que fez com que as máquinas passassem a ocupar os lares e as vidas das pessoas."Não tínhamos idéia de que se desenvolveria ao ponto em que se desenvolveu", disse Mark Dean, membro da equipe original que criou o IBM 5150. Lembrou que "o desenvolvemos como uma ferramenta produtiva fundamentalmente para empresas". A volumosa máquina, vendida ao preço base de US$ 1,5 mil, tinha 16 quilobytes de memória que podiam ser atualizados.
Embora as empresas americanas Apple Computer, Commodore Business Machines e Tandy Corporation, assim como a francesa Micral, tivessem lançado máquinas nos anos 1970, a revolução digital nasceu da plataforma do IBM 5150, segundo Chris Garcia, curador assistente do Museu de História dos Computadores (Computer History Museum).
Dean explicou que ele e seus colegas do laboratório da IBM no Estado da Flórida esperavam que talvez fossem vendidas duas mil máquinas. Mas a cifra logo atingiu as centenas de milhões de unidades vendidas, lembrou. "Não havia muitas possibilidades de fracasso, embora talvez eles (na IBM) não vissem desta forma", explicou Garcia.
"Tinham o nome IBM em negócios, o que significava muito na época, e o sistema operacional DOS (Disk Operated System), que permitia o desenvolvimento do software que fez com que a máquina fosse para além das estrelas", acrescentou. Uma companhia incipiente chamada Microsoft comprou os direitos do DOS por US$ 50 mil e o desenvolveu, criando o rentável sistema operacional Windows, hoje usado por 90% dos computadores de todo o mundo.
"O DOS era o avô de todas as máquinas que temos hoje", comparou Garcia. Em uma decisão que gerou a proliferação do PC, a IBM estimulou outras empresas a clonar suas máquinas. "Os clones foram os que fizeram com que as coisas avançassem", disse Dean. "O fato de que qualquer um que construísse um PC tivesse que fabricá-lo 100% compatível foi fundamental".
A americana Compaq lançou um PC em 1983 e outras companhias se seguiram, lembrou Dean. A forte concorrência empurrou os preços para baixo e as pessoas começaram a comprar computadores para suas casas. "O ímpeto naquele momento era tal que o que deveria ter mudado o mundo por completo - o lançamento do computador Macintosh - não pôde deter a Microsoft, a IBM e todos os fabricantes de clones", continuou Garcia.
A criação pela Microsoft do sistema operacional Windows, que permitiu às pessoas comandar o computador simplesmente clicando ícones na tela ao invés de digitar, determinou o sucesso do PC, resumiu. Os bem construídos computadores "Mac", da Apple, acabaram marginalizadas pelo PC, mais baratos e mais rápidos, embora menos potentes. A Macintosh se tornou, por sua vez, a máquina preferida por artistas, fotógrafos e educadores.
A internet e os avanços que tornaram os computadores menores, mais leves e versáteis inseriram o PC na vida cotidiana e levaram à "revolução digital". Os computadores permitiram às pessoas criar comunidades virtuais nas quais é possível procurar amigos, jogar, comprar ou vender propriedades "virtuais".
"O local de trabalho mudou mais de 1981 até agora do que havia mudado nos 100 anos anteriores", disse Garcia. O PC aumentou o valor e o poder dos trabalhadores mais jovens com conhecimento tecnológico que os executivos veteranos não tinham, acrescentou. Dean acredita que o próximo grande avanço ocorrerá na área do software e que os fabricantes de computadores logo lançarão um PC do tamanho de um caderno para que as crianças possam levá-lo à escola.
"Ainda há muito a fazer", disse Dean, que atualmente trabalha como vice-presidente do Centro de Pesquisas da IBM (Almaden Research Center), em San José, Califórnia. "Gostaria de fazer com que acontecesse de novo. O desafio é estar no lugar certo, na hora certa e com a idéia certa", vaticinou.
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