O PSDB vai esperar a posição da ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), para definir a candidatura da legenda à prefeitura de São Paulo. Apesar da posição do partido, a corrente que defende o nome do ex-governador Geraldo Alckmin cobra uma solução rápida.
A decisão foi definida em reunião na quarta-feira entre o presidente do PSDB, senador Sergio Guerra (PE), o governador de São Paulo, José Serra, e o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM). Guerra e Virgílio também reuniram-se com Alckmin.
Apesar das pressões dos petistas, Marta já informou que tem até junho para anunciar sua posição.
"Se eles não têm pressa, por que vamos ter?", disse Virgílio à Reuters por telefone. "Se eles que têm uma situação mais precária, com uma opção só, têm um prazo largo, por que temos que decidir agora?"
O senador disse que a escolha do candidato não será "junto com a do rei Momo" e contou que as conversas internas do partido só serão retomadas depois do Carnaval.
Serra, assim como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, deseja a manutenção da aliança com o Democratas tendo o prefeito Gilberto Kassab como candidato à prefeitura na eleição de outubro. Reservam ao ex-governador Geraldo Alckmin a candidatura ao governo paulista em 2010 e querem convencê-lo disso.
Já os que apóiam Alckmin almejam que ele seja o candidato de consenso à prefeitura, contando com o apoio do DEM.
As articulações dos dois grupos têm se intensificado, e enquanto Serra se reuniu esta semana com Guerra, aliados de Alckmin agendaram encontro na residência do deputado estadual Bruno Covas em São Paulo na próxima segunda-feira.
"Pode ser o caso de esperar pelo PT, o partido está fazendo esta discussão. Mas eu acho, por defender a candidatura do Geraldo, que precisamos definir logo, senão a divisão do partido fica exposta", disse Bruno à Reuters nesta quinta-feira.
Alckmin tem na família Covas apoio constante desde que foi vice do ex-governador paulista Mario Covas (1995-2001). Alckmin sucedeu Covas após sua morte em 2001.
"Só vai ter sentido tomar uma posição se o PSDB conseguir sair unido. Não faz sentido, com um adversário forte (PT), ir rachado para a eleição", disse Bruno, neto de Mario Covas.
O deputado considera que mesmo a opinião de uma liderança como FHC a favor de Kassab não é definitiva. "Ele não é proprietário do partido", reage.
DEM OTIMISTA
Considerado o principal articulador da candidatura Kassab, o ex-presidente do PFL (atual DEM), Jorge Bornhausen, também pretende manter a aliança entre as duas legendas.
"A sustentação da aliança é indispensável. Os dois nomes são muito bons e, pelas condições naturais, há espaço para o Kassab ser candidato (na capital) e o Alckmin a governador", prevê o ex-senador.
Kassab, vice da chapa encabeçada por Serra, assumiu a prefeitura paulistana em 2006, quando Serra ganhou a eleição para o governo do Estado.
Como presidente do Democratas na capital, o próprio Kassab está atuando nas articulações. "Elas mal começaram", aponta Bornhausen, que não prevê uma data para a definição, lembrando apenas que junho é o limite por se tratar do mês das convenções partidárias que chancelam os candidatos.
O DEM conta com a continuidade da administração em São Paulo para ajudar na consolidação da legenda, que governa apenas o Distrito Federal e perdeu filiados no ano passado. No Rio de Janeiro, o prefeito Cesar Maia, que governa a cidade desde 1993, com intervalo de um mandato no qual fez o sucessor, não mede palavras ao sugerir que Alckmin ceda o lugar a Kassab.
"Minha opinião é que o Alckmin corre um enorme risco de ir para uma eleição onde só pode ganhar sob risco de encerrar precocemente a bela carreira política. Uma eleição de prefeito depois de presidente gera no eleitor uma sensação de que (o político) não vai se dedicar tanto. Mesmo que seja injusta", afirmou Cesar.
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