Internautas se reúnem para reclamar de sites fora do ar

 

Informática - 09/07/2008 - 10:25:18

 

Internautas se reúnem para reclamar de sites fora do ar

The New York Times - Tradução: Paulo Migliacci ME

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

 Alex Payne, 24, engenheiro de Internet em San Francisco, desenvolveu uma nova maneira de responder a uma questão muito perguntada na era digital: será que meu site predileto está funcionando hoje?

Em março, Payne criou o site http://downforeveryoneorjustme.com, ou seja "caiu para todo mundo ou só aqui?", no qual visitantes podem digitar um endereço de Internet e determinar se o site está inacessível aos usuários em geral ou só para quem esteja fazendo a pergunta.

"Vi tanta gente fazer essa pergunta", diz Payne, que talvez não por coincidência é funcionário do Twitter, um serviço de mensagens e redes sociais conhecido por cair freqüentemente. "As empresas de tecnologia sempre definem a Internet como permanentemente acessível e alardeiam que as informações estão disponíveis o tempo todo. As pessoas ficam decepcionadas e saem em busca de respostas quando isso prova ser mentira".

E hoje em dia decepção é o que não falta. Baluartes da tecnologia como Yahoo, Amazon e Research in Motion, a empresa responsável pelo BlackBerry, sofreram problemas técnicos embaraçosos nos últimos meses. Cerca de um mês atrás, o movimento no site de Payne disparou: eram visitantes perguntando sobre a usualmente inabalável Amazon. O site ficou fora de operação por diversas horas em dois dias úteis, e algumas estimativas apontam que a Amazon perde mais de US$ 1 milhão por hora em vendas quando seu site cai.

A web, como qualquer tecnologia ou mídia, sempre esteve sujeita a tropeços imprevistos. Especialmente nos primeiros dias da rede, sites como o eBay e a Schwab.com muitas vezes caíam freqüentemente.

Mas já que o número de pessoas que usavam a Internet era menor, então, havia muito menos em jogo. Agora a web se tornou uma parte insubstituível da vida cotidiana, e as empresas de Internet têm planos de nos tornar ainda mais dependentes dela.

Empresas como o Google querem que armazenemos não só os nossos e-mails mas as nossas planilhas, álbuns de fotos, dados de vendas e quase todos os demais dados pessoais e profissionais. Esses dados supostamente ficam mais acessíveis do que informações armazenadas no computador ou arquivo do escritório.

O problema é que esse ideal requer que serviços via web estejam disponíveis permanentemente - e mesmo as maiores empresas de Internet encontram dificuldades para garantir que isso aconteça.

Na temporada de festas do ano passado, o sistema do Yahoo para o comércio via Internet, Yahoo Merchant Solutions, caiu durante 14 horas, e isso tirou milhares de lojas de comércio eletrônico de operação durante um dos dias de compras mais movimentados do ano. Em fevereiro, alguns serviços da Amazon que acionam os sites de muitas empresas de web iniciantes tiveram um dia de falhas intermitentes, derrubando muitas dessas empresas.

As causas desses problemas variam imensamente. Podem se dever a atualizações de sistema com conseqüências imprevistas, erro humano (opa, botão errado!) ou simples e antiquadas falhas elétricas. No mês passado, uma explosão elétrica no centro de dados da Planet, uma empresa de hospedagem de sites em Houston, derrubou milhares de companhias da Internet por até cinco dias.

"Foi uma tortura prolongada", disse Grant Burhans, empresário online da Flórida cujos sites de telecomunicações e imóveis ficaram fora de ação por quatro dias, o que lhe custou milhares de dólares em negócios perdidos.

Os viciados em Internet que se vêem impedidos de visitar seus sites prediletos tendem a lotar blogs e fóruns de mensagem de queixas iradas sobre promessas violadas e rotinas interrompidas.

As emoções voláteis que a instabilidade da web despertam talvez sejam mais aparentes nas discussões quanto ao Twitter, um serviço no qual os usuários postam atualizações sobre as pessoas com quem estão, sua localização e o que estão fazendo.

De acordo com a Pingdom, uma empresa que monitora o tráfego de Internet, o Twitter esteve fora do ar por 37 horas este ano, até abril - muito mais do que qualquer outro site de redes sociais da Internet.

Em lugar de simplesmente dispensar o serviço e tocar a vida, os usuários do Twitter responderam com inúmeras manifestações de rancor, com camisetas e blogs de protesto, e mensagens satíricas de erro que parodiam as explicações do Twitter.

"Trata-se de um serviço gratuito. Não é como se a vida de alguém dependesse do Twitter", disse Laura Fitton, consultora que se descreve como usuária "apaixonada" do serviço.

"O Twitter gira em torno das coisas que descobrimos ter em comum, de modo que, exatamente por isso, as falhas do Twitter passam a ser algo de gigantesco que os usuários têm em comum", ela teoriza. "É divertido trocar reclamações e comiserações com as outras pessoas".

O Twitter explica que suas quedas freqüentes se devem ao rápido crescimento da demanda e a erros fundamentais na arquitetura original do serviço.

Jesse Robbins, ex-executivo da Amazon que, entre 2004 e 2006, era responsável por manter a empresa online, diz que os protestos são compreensíveis.

"Quando esses sites estão fora do ar, é uma perda súbita. É como se a pessoa estivesse em uma grande loja e a luz acabasse", ele diz. "Quando aquilo de que você depende para tocar vida cotidiana se vai, subitamente, isso é um trauma".

Robbins acredita que os serviços via Internet deveriam estar sujeitos aos mesmos padrões de confiabilidade requeridos dos sistemas convencionais que eles propõem substituir. "Essas empresas têm uma responsabilidade para com o público que confia e depende delas, da mesma forma que pessoas que usam uma ponte pública confiam em que aquela ponte não vá desabar subitamente".

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