O advogado Nélio Machado, que defende o banqueiro Daniel Dantas, entrou com um pedido de impugnação formal na 6ª Vara Federal Criminal contra o juiz Fausto de Sanctis, alegando "suspeita e impedimento" do magistrado na Operação Satiagraha. Na prática, o advogado quer impedir que Sanctis julgue ações relativas a Dantas. O pedido tem de ser acatado pelo próprio juiz, segundo o advogado.
"Ele (o juiz) está muito excitado (com a operação) e o Ministério Público também. Um caso desta natureza tem que ser julgado com o devido vagar, sem toda essa parafernália, sem prisões desnecessárias, tudo isso que se criou", afirmou o advogado. "O juiz tem que falar nos autos, tem que evitar dar entrevista. Eu só estou falando aqui por solicitação de vocês (referindo-se à imprensa)", disse o advogado, ao sair da sede da Polícia Federal em São Paulo. Procurada, a Justiça Federal não quis se manifestar sobre as declarações.
De acordo com Machado, o banqueiro só respondeu perguntas "de cortesia" durante o depoimento à Polícia Federal e não falou nada referente às suspeitas contra ele. O advogado afirmou que isso aconteceu porque ainda não teve acesso ao material das investigações. Dantas já esteve outras vezes na sede da Polícia Federal para prestar depoimento mas, por orientação dos advogados, não respondeu as perguntas. O banqueiro também não deu declarações ao deixar a Superintendência da Polícia Federal, onde permaneceu por mais de três horas.
Dantas foi preso junto com outras 23 pessoas na Operação Satiagraha da Polícia Federal. Entre os suspeitos estão também o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Todos são acusados de desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e corrupção.
O banqueiro foi solto depois de uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes. Ele chegou a ser preso novamente por determinação do juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal, mas Mendes concedeu novamente liberdade a Dantas.
Parede falsa
Ao deixar a sede da Polícia Federal, o advogado também defendeu seu cliente das apreensões noticiadas ontem pelo Jornal Nacional. Segundo o telejornal, a PF teria apreendido CDs e DVDs contendo documentos em uma parede falsa do apartamento de Dantas. De acordo com Machado, a parede falsa é um armário embutido.