Com o regime de Saddam Hussein ruindo nas grandes cidades e sua estrutura desaparecendo das aldeias, agências internacionais de ajuda humanitária pediram acesso imediato e seguro ao Iraque, em meio a notícias sobre uma situação crítica nos hospitais, abarrotados de feridos na guerra.
A maioria dessas organizações reconheceu já ter autorização das forças de coalizão, lideradas pelos Estados Unidos, para iniciar suas operações, mas muitas manifestaram preocupação com a segurança e o vácuo de poder, afirmando que essa situação poria seus funcionários em perigo.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) disse que um “resíduo de medo e caos” prejudicou significativamente as tentativas iniciais de dar assistência às crianças iraquianas.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que havia suspendido suas operações em Bagdá, por motivos de segurança, reiniciou suas atividades nesta quinta-feira, citando uma melhora na situação.
A desordem e a ausência da lei podem prejudicar os esforços de grupos como o Human Rights Watch (HRW) de reunir provas sobre possíveis violações dos direitos humanos por parte do regime de Saddam Hussein.
A HRW disse que residentes têm saqueado prédios públicos e, em alguns casos, removido importantes documentos que poderiam ser usados como provas.
Ao enfatizar a necessidade de ter acesso ao povo iraquiano, as agências de ajuda humanitária enfatizaram a deterioração das condições de vida em todo o país.
A Organização Mundial da Saúde disse que o fornecimento de energia elétrica a Bagdá é inconstante, e os geradores particulares estão sobrecarregados, a ponto de entrar em colapso.
Falta também na capital iraquiana água potável e limpa, o que torna as cirurgias “mais uma ameaça do que uma solução”.
A agência CARE disse que apenas uma das 13 usinas de tratamento de água nas regiões central e sul do país vinha funcionando desde 1991.
Em conseqüência dessa situação, centenas de milhares de toneladas de esgoto vêm sendo lançadas diretamente nas fontes de água, diariamente.
A ONU fez um apelo especial pelas mulheres grávidas, afirmando que elas correm um perigo grande enquanto os hospitais priorizam o atendimento de feridos na guerra.
As autoridades da coalizão disseram que estão colaborando com médicos e suprimentos em algumas partes do país, mas enfatizaram que a crise humanitária não foi uma decorrência da guerra.
O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse na quarta-feira que o problema humanitário foi criado pelo regime de Saddam Hussein.
“Por uma década, as circunstâncias enfrentadas por essas pessoas vinham sendo terríveis”, declarou. “A elas foram negadas todos os tipos de coisas, enquanto ele (Saddam) recusava-se a cooperar com as Nações Unidas”.
Na quarta-feira, 09, os governos do Japão e da Austrália anunciaram que estava doando um total de 150 milhões de dólares para ajudar nos esforços humanitários.
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