No dia seguinte à ocupação de Bagdá por tropas norte-americanas, as forças da coalizão liderada pelos Estados Unidos não apenas mobilizaram-se para tentar restabelecer a estabilidade na capital iraquiana, como enfrentaram resistência pesada em várias áreas.
Inúmeros flagrantes demonstram um cenário de caos na cidade. Enquanto grupos de civis voltavam a destruir símbolos do regime de Saddam Hussein, fuzileiros navais norte-americanos e soldados iraquianos travaram combates de rua.
Fuzileiros navais deslocaram-se até o Palácio Azamiyah, um dos muitos de Saddam, e, em seguida, à casa de um líder do Partido Baath, do presidente, no centro-norte da capital, à caça de autoridades iraquianas.
A operação foi mal-sucedida. Soldados leais a Saddam morreram nos combates, mas nenhum dirigente importante foi preso.
"Bagdá ainda é um lugar feio", declarou o major-general Victor Renuart, diretor de operações do Comando Central dos Estados Unidos.
"Muitas partes da cidade não foram ainda asseguradas pelas forças norte-americanas e há locais com bolsões de resistência do lado de pequenos grupos da Guarda Republicana, da Guarda Republicana Especial e das forças paramilitares", acrescentou.
"E este é realmente o objetivo de nossas operações em Bagdá agora: ir até esses locais e restabelecer alguma estabilidade", concluiu.
Segundo Renuart, a coalizão controla todas as pontes de acesso a Bagdá, assim como cinco bases aéreas no Iraque.
Já onda de saques, que irrompeu na véspera em Bagdá, continuou em várias partes da cidade, sob as vistas das forças norte-americanas.
Os saqueadores, em sua maioria jovens procedentes de áreas pobres da capital, atacaram lojas e prédios governamentais, saindo com mesas, aparelhos de ar condicionado, sofás, tapetes, antiguidades e até veículos de luxo.
Muitos civis estão invadindo palácios opulentos de Saddam, os quais foram alvejados por bombardeios nas três últimas semanas.
"Não somos suficientes para impedi-los", comentou Darren Pickard, um fuzileiro naval que tentava proteger as instalações de uma academia de Polícia iraquiana, que estava sendo desmantelada pelos saqueadores.
Por fim, os norte-americanos receberam reforços e impediram que o arsenal da academia, onde havia centenas de fuzis automáticos, granadas, pistolas e morteiros, fosse roubado.
Também o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e a Organização Mundial de Saúde expressaram, nesta quinta-feira, temor de que a onda de saques chegue aos hospitais iraquianos e detenha a entrega de gêneros de primeira necessidade à população em várias partes do país.
Novos combates
Fuzileiros navais dos Estados Unidos capturaram um palácio presidencial nos subúrbios do norte de Bagdá, depois de um intenso tiroteio, que durou cerca de sete horas e mostrou, claramente, que os combates estão longe de ter terminado no Iraque.
Um fuzileiro morreu e cerca de 20 ficaram feridos. Colunas de fumaça foram vistas saindo de prédios em várias partes da capital iraquiana.
A coalizão acusou os iraquianos de queimar suas próprias instalações para jogar a culpa nos norte-americanos.
Em outra frente, tropas norte-americanas ocuparam o prédio do Ministério do Petróleo.
Já o edifício de nove andares do Ministério dos Transportes foi consumido por um incêndio, assim como a sede do Comitê Olímpico Iraquiano.
Soldados norte-americanos montaram postos de controle por toda a cidade e, durante uma operação de patrulhamento, foi descoberto um arsenal de armas que incluía de 250 a 300 equipamentos para morteiros de 82mm, suficientes para mais de 30 batalhões.
As forças da coalizão apreenderam também cerca de 300 bazucas, centenas de metralhadoras, munição e dois tanques T-72 em perfeito estado, bem como outros que estavam sendo consertados.
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