Mulheres da Via Campesina realizaram, na manhã desta segunda-feira, uma manifestação na entrada do terminal de exportações Portocel, da Aracruz Celulose, em Barra do Riacho, no norte do Espírito Santo. Apesar de rápida, a manifestação pode ter causado grandes prejuízos, já que as mulheres jogaram até cupins nos fardos de celulose. O inseto tem o produto como principal alimento e é extremamente danoso.
Os muros da portaria do terminal foram pichados. Durante o protesto as mulheres utilizaram tinta, gasolina e querosene e danificaram vários fardos de celulose que ficaram encharcados de combustível e também de água retirada dos hidrantes do local. Os manifestantes também utilizaram extintores de incêndio que ficaram espalhados pelo porto. Os seguranças da empresa não puderam conter a ação.
De acordo com o diretor superintendente do Portocel, Gilberto Marques, a manifestação aconteceu por volta das 5h e durou pouco mais de meia hora. Aproximadamente 450 pessoas teriam participado do protesto, que faz parte das atividades alusivas ao "Dia Internacional de Luta das Mulheres". A Via Campesina reúne militantes do Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
"O objetivo da ação é denunciar a concentração de terras da empresa, que são usadas para plantio de eucalipto para exportação, prejudicando a soberania alimentar; e o repasse de recursos públicos do Estado para essa multinacional, o que tem aumentado ainda mais com crise mundial", diz a Via Campesina, em nota.
Por questão de segurança durante a ocupação todas as operações do porto tiveram de ser suspensas e permaneceram paralisadas por quase cinco horas. Cento e cinqüenta trabalhadores ficaram parados, assim como três navios, 40 caminhões preparados para embarcar celulose, barcaças de madeira e uma composição ferroviária com cerca de 60 vagões.
O prejuízo causado pelo protesto ainda é calculado pela empresa, mas a previsão é de que aproximadamente 2 mil t de celulose tenham sido danificadas. Como esta é uma área alfendagária, a Polícia Federal foi acionada para realizar a perícia no local.
O Terminal Especializado de Barra do Riacho - Portocel - é o maior terminal de exportação de celulose do mundo e é o único porto do Brasil especializado no embarque do produto. É por meio deste terminal que são exportadas 70% da celulose do Brasil.
O terminal tem capacidade de embarque anual de 4,5 milhões t do material. O porto é de propriedade conjunta da Aracruz (51%) e da Cenibra (49%), duas das maiores empresas produtoras de celulose no Brasil.
"Nosso porto foi usado como instrumento para protesto contra o agronegócio e o sistema econômico. É uma agressão que não tem justificativa, que busca atingir as exportações do País, justamente num setor em que o Brasil é altamente competitivo. A empresa espera que fatos como este não permaneçam impunes. Não podemos concordar com vandalismo", disse o diretor superintendente do Portocel, Gilberto Marques.