O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), autor do requerimento de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras no Senado, disse, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que não há necessidade alguma em ouvir esclarecimentos do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. "Ele não vai me convencer dos fatos já existentes. A palavra de Gabrielli não anula os fatos, não absolve ninguém que tenha praticado eventualmente um ato ilícito. A palavra do presidente da Petrobras não é habeas-corpus para corrupção de ninguém", ressaltou.
Questionado se a CPI da Petrobras vai lutar para não ser chapa branca, o senador afirmou: "nós vamos ter que lutar contra a chapa branca. Nós tivemos tantas dificuldades em relação à CPI dos cartões coorporativos (...). Vamos ter que resistir à força da pressão que tem o governo sobre o Congresso. Evidente que teremos uma CPI com força governista e nós vamos ter que fazer o possível". ¿Temos que estar preparados para informar a opinião pública que nós não podemos fazer milagres numa CPI. A decepção será maior se não tivermos essa franqueza".
Ao ser indagado sobre um possível reflexo da CPI nas ações da Petrobras, o senador respondeu: "o que desvaloriza é corrupção, impunidade. Isso desvaloriza, isso joga no chão, isso quebra a empresa. Agora, buscar seriedade, investigar, de forma nenhuma isso desvaloriza a empresa."
O requerimento para criação da CPI da Petrobras propõe a investigação de indícios de fraudes nas licitações de plataformas de exploração de petróleo e de suposta utilização de fraude contábil, que teria reduzido em R$ 4,3 bilhões o recolhimento de tributos pela estatal. No requerimento, Alvaro Dias pede, ainda, a investigação de suspeitas de desvio de recursos dos royalties de petróleo, pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), para prefeituras.