"> Habeas Corpus libera operador de esquema em São Bernardo

 

ABCD - 16/12/2025 - 02:39:28

 

Habeas Corpus libera operador de esquema em São Bernardo

 

Da Redação .

Foto(s): Montagem @HORA

 

Após quatro meses foragido, Paulo Iran Paulino Costa obtém liberdade com restrições do STJ. PF detalha esquema de propinas na prefeitura com R$ 14 milhões apreendidos e prefeito Marcelo Lima entre réus por lavagem e organização criminosa. TJ-SP aceita denúncia e investigações avançam.

Após quatro meses foragido, Paulo Iran Paulino Costa obtém liberdade com restrições do STJ. PF detalha esquema de propinas na prefeitura com R$ 14 milhões apreendidos e prefeito Marcelo Lima entre réus por lavagem e organização criminosa. TJ-SP aceita denúncia e investigações avançam.

Paulo Iran Paulino Costa se apresentou à Justiça em 14 de dezembro de 2025, quatro meses após operação da Polícia Federal que o deixou foragido. O Superior Tribunal de Justiça concedeu habeas corpus no dia 12, sob relatoria do ministro Reynaldo Soares da Fonseca, que substituiu prisão preventiva por medidas cautelares: recolhimento domiciliar noturno das 22h às 6h, entrega de passaporte, proibição de contato com outros investigados e vedação a ausentar-se da Grande São Paulo sem permissão judicial. A decisão considera ausência de risco atual à ordem pública, mas mantém monitoramento rigoroso.​

Descoberta e Estrutura do Esquema

A Polícia Federal tropeçou no esquema em julho de 2025, durante buscas em prédio residencial de São Bernardo do Campo por outro inquérito. No apartamento de Paulo Iran, agentes encontraram R$ 14,2 milhões em espécie, divididos em malas e caixas, além de documentos, celulares e computadores com evidências de movimentações financeiras. O grupo operava em três frentes: núcleo empresarial com empresas de saúde e obras, núcleo político ligado à prefeitura e Fundação ABC, e núcleo financeiro comandado por Paulo Iran, ex-servidor da Alesp exonerado após o caso.​

Registros mostram repasses de propina de ao menos 15 empresas contratadas pela prefeitura, totalizando valores milionários em contratos superfaturados de medicamentos, manutenção de vias e serviços de saúde. Post-its no Paço Municipal listavam codinomes de destinatários e quantias, como "Danilo R$ 50" para entregas em dinheiro vivo. Paulo Iran gerenciava entregas em mochilas no prédio da Câmara e pagava despesas pessoais do prefeito Marcelo Lima, incluindo boletos de cartão de crédito, viagens aéreas e mensalidades de faculdade de medicina da filha do prefeito.​

Detalhes das Apreensões e Interceptações

Buscas no veículo de Paulo Iran revelaram mais R$ 200 mil em espécie e comprovantes de transferências bancárias para familiares de investigados. Mensagens de WhatsApp interceptadas desde 2022 comprovam coordenação: "Leva a mochila pro Danilo na Câmara" e "Quality pagou 670 mil essa semana". A Quality Medical, uma das empresas, obteve contratos de R$ 2,5 milhões na Secretaria de Saúde apesar de irregularidades em licitações.​

Na Fundação ABC, desvios atingiram obras de infraestrutura com superfaturamento de 30% em asfalto e drenagem, segundo perícias preliminares da PF. O esquema abrangia secretarias de Obras, Saúde e Administração, com servidores públicos atuando como elo entre empresários e políticos. Vereador Danilo Lima, filho do prefeito, recebia valores diretamente, conforme vídeos e áudios obtidos.​

Aceitação de Denúncia e Situação dos Réus

Em 14 de dezembro de 2025, o juiz Roberto Porto, da 1ª Vara Criminal de São Bernardo, aceitou denúncia do Ministério Público contra nove pessoas, incluindo prefeito Marcelo Lima, vereador Danilo Lima, Paulo Iran e empresários. Acusações envolvem lavagem de dinheiro, organização criminosa e peculato, com provas materiais do apartamento de Paulo Iran como pivô da condenação inicial. Marcelo Lima, afastado em agosto e reintegrado após liminar, enfrenta risco de nova prisão por violação de medidas em setembro, quando saiu do estado sem autorização.​

Outros réus incluem o servidor João Carlos, cuja prisão preventiva foi mantida pelo STJ em outubro por risco de reiteração delitiva. A PF continua operações, analisando 500 GB de dados digitais e depoimentos de delatores empresariais que confirmam fluxo de R$ 5 milhões em propinas desde 2023. Defesa de Paulo Iran alega colaboração futura para redução de pena.​

Repercussões Políticas e Municipais

São Bernardo do Campo, reduto histórico do PT no ABC Paulista, vê sua imagem abalada por desvios em serviços essenciais, com atrasos em medicamentos e obras paralisadas. População cobra transparência em contratos da Fundação ABC, que administra hospitais regionais. Alesp investigou internamente e exonerou assessores ligados ao caso. Marcelo Lima nega irregularidades e promete defesa técnica; Câmara Municipal instalou CPI para apurar ramificações.​

O caso expõe rede de influência local, com possíveis extensões a outros municípios do ABC, conforme indícios em celulares apreendidos. PF e MPF preveem novas fases da operação em 2026.​

(*) Com informações das fontes: G1 Globo, Metrópoles, Gazeta SP, Notícias do Planalto, Sindserv Santos, Istoé, DGABC, Termômetro da Política, STJ.

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