Momentos depois de ver o Palmeiras ceder o empate ao Nacional-URU, complicar a sua classificação à semifinal da Libertadores da América e ouvir os protestos da torcida alviverde no Palestra Itália, o técnico Vanderlei Luxemburgo mostrou irritação em sua entrevista e não poupou críticas direcionadas aos fãs da equipe. Ao dizer que estava "chateado" com as vaias, o treinador também aproveitou para negar que tenha culpa no resultado por suas escolhas durante a partida.
"Existe uma má vontade muito grande com as coisas que estamos fazendo aqui. Nos outros clubes, acontece a mesma coisa e lá tratam como escolhas inteligentes. Fico um pouco chateado de ver sistematicamente profissionais me criticando. Ao contrário do que ouvi, o Luxemburgo não estava em uma noite infeliz. Estão tirando a gente da competição antes dela terminar", disse o treinador, criticado principalmente pelas substituições que promoveu ao longo da partida desta quinta-feira.
Depois de iniciar a partida com três zagueiros e Diego Souza atuando de forma improvisada no ataque ao lado de Keirrison, Luxemburgo optou pela mudança ainda aos 28min do primeiro tempo, promovendo a estréia do centroavante Obina e a entrada do meia Marquinhos nas vagas de Souza e Fabinho Capixaba. Já aos 29min do segundo tempo, sacou o artilheiro Keirrison e retrancou a equipe com o volante Jumar.
"Você tem que entender o resultado, a história da Libertadores é assim. (O resultado de) 1 a 0 obriga a fazer dois ao adversário e é difícil. Tem que entender que faz parte do futebol. Eles tiveram uma única oportunidade e conseguiram fazer o gol. Jogaram todo o tempo na bola parada", afirmou o treinador, demonstrando irritação com os jornalistas e falta de paciência para aguardar o fim das perguntas, chegando até a discutir com alguns deles em certos momentos.
No entanto, a ira de Luxemburgo foi direcionada mesmo aos torcedores que compareceram ao Palestra Itália e não pouparam o time da atuação apática. Principal alvo dos protestos, o torcedor disparou contra a "cultura" existente dentro do clube. "É impressionante isso. Já fui chamado de burro pela torcida e disse que burro são eles. Estou jogando uma quarta-de-final de Libertadores e não vejo o envolvimento do torcedor. Em que momento ele estava com o time?", questionou o técnico.
"Quando a gente vai jogar fora, vê aquele incentivo, na Ilha do Retiro, no Beira-Rio. Aqui não há. O Fabinho (Capixaba) não pode jogar, o Marquinhos também não. Não vi em nenhum momento algum tipo de incentivo. Mas é a cultura do clube, vai fazer o que? Aqui vamos ter que matar um leão por dia e correr de dois, ou três ou quatro", esbravejou o comandante, que chegou a discutir com torcedores ao longo da partida e não escondeu a insatisfação.
Na opinião do técnico, o jovem elenco do Palmeiras sofre com as constantes críticas da torcida e não vem reagindo bem às seguidas vaias. "Não estávamos jogando mal naquela hora. Já vi equipes jogando bem piores que isso e o torcedor apoiar. Fizemos 1 a 0 e tínhamos o domínio do jogo. Não me lembro do Marcos ter feito nenhuma defesa, a não ser um chute de fora da área no começo do jogo", disse. "Você tem que ter um time só de jogadores experientes, senão é complicado. Mas é complicado, é a cultuira do clube e não dá para ser diferente", finalizou.