O senador José Nery (Psol-PA) confirmou na segunda-feira que a legenda irá apresentar uma representação contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), às 12h desta terça-feira. O documento, assinado pela presidente nacional do partido, a vereadora Heloísa Helena, pedirá ao Conselho de Ética que apure um possível envolvimento de Sarney com as irregularidades na nomeação de parentes, na edição dos chamados atos secretos e no suposto favorecimento de seu neto, o economista José Adriano Cordeiro Sarney, em um esquema de empréstimos consignados na Casa. A representação do Psol deve envolver ainda o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
"(Queremos uma) Limpeza ampla, geral e irrestrita, uma verdadeira faxina moral e ética pela qual o Senado tem que passar", defendeu Nery.
"O PSOL anuncia que amanhã ao meio-dia fará uma representação à mesa da Casa e depois seguirá para o Conselho de Ética (para apurar) todos os fatos que envolvem a prática e a influência para a nomeação de parentes em vários gabinetes, o uso indevido do auxílio-moradia, os contratos consignados envolvendo o neto do presidente do Senado, os fatos relacionados aos atos secretos, que vêm desde 1995, período em que Agaciel (Maia) foi nomeado diretor-geral no primeiro mandato do presidente Sarney, atos que foram criminosamente ocultados e acabaram envolvendo indevidamente vários senadores", completou o senador do Psol.
Segundo Nery, antes de propor a representação, o partido endereçou uma correspondência diretamente a Sarney pedindo que fosse criada uma comissão especial de investigação e que se suspendesse temporariamente todos os diretores e funcionários envolvidos.
"A mesa (diretora) sequer se deu ao trabalho de analisar essa proposta. Era nossa vontade que a questão fosse tomada por nós como uma tarefa prioritária pelo conjunto do Senado", disse o parlamentar, confirmando ter aguardado uma resposta por duas semanas.