O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou nesta terça-feira que as recentes medidas de seu governo, que fechou dezenas de rádios e promove uma lei contra "crimes midiáticos", visam a "democratizar" os meios de comunicação e garantir a "verdadeira liberdade de expressão".
"Hoje reclamam porque estamos democratizando os meios de comunicação e assegurando com isto a verdadeira liberdade de expressão", disse Chávez durante um discurso pelo 72º aniversário da Guarda Nacional.
"Podem nos ameaçar. Falem o que quiser, mas aqui há liberdade de expressão. Nós vamos seguir em frente". Chávez se referiu às críticas externas e internas pelo fechamento de 32 rádios e dois canais de TV regionais no final de semana passado, em uma campanha do governo que ameaça tirar do ar até 250 emissoras.
"Estão nos atacando de fora e de dentro. Claro, tem que ser assim, cada vez que a revolução avança os ataques também crescerão. Isto não deve nos preocupar. A burguesia vai reclamar, mas isto não deve nos preocupar".
"Vou seguir pisando no acelerador da revolução bolivariana. É meu papel, é minha tarefa, e no há tempo a perder. Hoje estamos criando uma verdadeira democracia socialista na Venezuela".
Nesta terça-feira, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) afirmou que o governo Chávez persegue a imprensa independente, fechando rádios, atacando canais de TV e ordenando uma série de medidas com o objetivo de fazer desaparecer a imprensa crítica.
A SIP pediu que os governos democráticos da região reajam aos fatos ocorridos nos últimos dias na Venezuela e condenem a agressão contra os órgãos de informação considerados opositores.
A Anistia Internacional também se declarou preocupada com um ataque sofrido pelo canal de TV Globovisión e pediu que à Venezuela a abertura urgente de uma investigação completa e imparcial do ocorrido.
"Os ataques contra a liberdade de expressão são uma série e velha preocupação na Venezuela", declarou Susan Lee, diretora da organização de defesa dos direitos humanos para as Américas.
"O presidente Hugo Chávez tem de garantir que o direito da imprensa de exercer sua atividade legítima seja respeitado, mesmo quando incluir críticas ao governo", acrescentou.
Várias pessoas armadas invadiram na segunda-feira a sede em Caracas do canal de notícias Globovisión, que se destaca pela crítica ao governo do presidente venezuelano Hugo Chávez, e lançaram duas bombas de gás lacrimogêneo contra suas dependências.
Também na véspera, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condenou a escalada de ataques contra a imprensa na Venezuela, e denunciou a "longa campanha judicial e de propaganda contra a Globovisión por seu trabalho informativo e crítico...".
A organização de defesa da liberdade de imprensa, Repórteres Sem Fronteiras (RSF) expressou seu "forte protesto" contra o "fechamento em massa" de meios audiovisuais privados na Venezuela que, considerou, foram "sacrificados por um capricho do governo".
Da mesma forma, a Comissão Inter-americana de Direitos Humanos (CIDH) criticou a deterioração da liberdade de imprensa na Venezuela.