O governo boliviano anunciou nesta quinta-feira que despejará 20 famílias brasileiras que vivem no povoado de San Ignacio de Velasco, no departamento de Santa Cruz, no leste do país, informou o vice-ministro de Terras, Alejandro Almaraz. Segundo declarações de Almaraz à rádio local Erbol, estas famílias se assentaram na região de forma ilegal e se dedicam ao corte indiscriminado de árvores, motivos pelos quais a expulsão ocorrerá antes do final do mês.
"Os assentamentos de brasileiros em Velasco, Santa Cruz, serão despejados muito em breve. Em uma ou duas semanas, será pela força", declarou o ministro.
Há uma semana, os governos do Brasil e da Bolívia coordenam com a Organização Internacional de Migrações (OIM) a mudança de quase mil famílias brasileiras que vivem perto da fronteira entre os dois países na região de Pando, na Amazônia boliviana. O plano prevê o assentamento destas famílias em novas terras no interior da Bolívia ou em território brasileiro e será executado entre outubro e dezembro deste ano.
A medida responde ao novo texto constitucional boliviano promulgado em fevereiro passado, segundo o qual nenhum estrangeiro pode adquirir ou ter propriedades em território nacional sob usufruto numa faixa de 50 km a partir das zonas fronteiriças.
Além disso, a Bolívia começou a aplicar nesta semana um plano para transferir famílias camponesas de outras regiões do país ao departamento de Pando, na fronteira com o Brasil, cujas florestas eram exploradas ilegalmente por cidadãos brasileiros.
Segundo o governo, o objetivo deste programa é "garantir a soberania" nas fronteiras e proteger o território boliviano de ocupações ilegais. No entanto, a oposição boliviana rejeita o plano sob a alegação de que é uma estratégia do partido governista Movimento Ao Socialismo (MAS) para mudar a tendência eleitoral nessa região, onde os opositores costumam vencer nas urnas.