O senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, afirmou na quinta-feira, 27, que a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira esteve no Palácio do Planalto em quatro ocasiões, desde o ano passado, segundo o sistema de registro. De acordo com Jucá, Lina foi a reuniões no Planalto nos dias 9 de outubro de 2008 e 22 de janeiro, 16 de fevereiro e 6 de maio deste ano. Jucá disse que, se a ex-secretária afirma ter estado lá em dezembro do ano passado para encontro com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ela que prove que o encontro ocorreu. "Agora deixo a bola com a doutora Lina. Ela que prove o encontro que não houve", disse.
Lina Vieira diz ter recebido da ministra um pedido para que fosse agilizada a investigação contra empresas ligadas à família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Ele se sustenta no cargo com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de enfrentar uma série de denúncias de irregularidades na Casa. Dilma Nega o encontro.
Na última semana, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) havia informado que em um período médio de 30 dias, as imagens de segurança do Palácio do Planalto são gravadas em cima dos antigos registros, o que inviabilizaria qualquer tipo de comprovação do suposto encontro. No entanto, o líder do governo subiu à tribuna do Plenário do Senado hoje para dizer que o sistema de segurança, conforme contrato fechado, prevê o armazenamento de imagens por 30 dias e o armazenamento de dados (placa de carros, números de crachás) por seis meses, que depois ficam em um arquivo em backup.
O líder afirmou que esteve reunido com os responsáveis pela segurança do Palácio do Planalto que detalharam como funciona o sistema. Ao levar aos técnicos da segurança do Palácio as dúvidas levantadas pela oposição - de como em alguns locais as imagens de segurança são armazenadas por seis meses e no Planalto por apenas um -, o líder ouviu a justificativa de que o monitoramento por imagens não tem o objetivo de "espionar" a rotina do presidente.
"Trinta dias (de armazenamento de imagens) para a Presidência da República é um prazo mais do que suficiente para que se tenha o monitoramento de qualquer ocorrência que possa acontecer, essa é a verdade dos fatos", disse o líder. Jucá ainda convidou os senadores, em especial os que integram a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), para irem até o Palácio conhecer o esquema de segurança.
Na visão dele, a explicação feita hoje em Plenário, com a divulgação das datas e horários em que Lina esteve na Presidência, comprovam que não houve nenhum tipo de "queima de provas" no caso da contradição entre o que diz a ex-secretária e o que afirma a ministra-chefe da Casa Civil.