Os consumidores brasileiros passaram a contar com mais uma opção na hora de comprar seu carro no mês passado. A montadora chinesa Chery desembarcou no País com seu utilitário esportivo Tiggo e com planos de trazer mais três modelos até o final de 2009. A empresa não foi a primeira fabricante de veículos da China ao desembarcar no País. No entanto, ao julgar pelos seus pares, a batalha da Chery para se consolidar no Brasil não vai ser fácil.
Por volume de vendas, as montadoras que precederam a estreante ainda patinam no País. A mais recente delas, antes da Chery, a Effa Motors, atingiu apenas a metade da meta prevista para comercialização de unidades no Brasil. Em 2008, durante o Salão do Automóvel de São Paulo, a importadora falava em vendas de 200 carros por mês de seus dois modelos: o M100, que chegou como o "carro mais barato do País", e o utilitário ULC. No entanto, em 2009, as vendas chegaram somente a uma média combinada de 100 veículos ao mês.
Segundo diretor comercial da Effa Motors, Clairto Acciarto, a estratégia da empresa foi alterada e a inauguração de duas plantas - uma no Uruguai, para montar o M100, e outra em Manaus (AM), para montar o ULC, fizeram com que os veículos fossem trazidos da China de forma "homeopática", somente conforme eram encomendados. Desde o início da comercialização, em junho de 2008, foram vendidas 600 unidades do M100 e 400 do ULC (somando as versões picape, van e furgão).
"Por enquanto, não estamos importando muito porque tem a perspectiva de produzir em nossas plantas do Uruguai e de Manaus", disse ele. Nessas fábricas, os veículos serão trazidos em kits CKD (veículo completo desmontado) e apenas montados no destino.
O diretor executivo da Chery no País, Luís Curi, disse que a montadora pretende alterar o estigma de que os produtos chineses são "baratos e sem qualidade", afirmando que o mesmo aconteceu há cerca de 15 anos com os automóveis sul-coreanos. "A identidade que queremos mostrar no Brasil é de qualidade, robustez e tecnologia", afirmou ele no lançamento do Tiggo.
Outra importadora de veículos chineses no Brasil é a CN Auto, que vende os modelos Towner e Topic - que ficaram famosos na década de 1990, sendo então fabricados por montadoras sul-coreanas. Atualmente, os modelos são fabricados pelas chinesas Hafei (Towner) e pela Jinbei (Topic).
Segundo Humberto Gandolpho Filho, responsável por Vendas e Desenvolvimento de Rede da CN Auto, a empresa, que começou a operar em dezembro de 2008, até agora tem superado as previsões para as vendas em seu primeiro ano de operação. No primeiro semestre do ano, a empresa afirma que vendeu 800 veículos da linha Towner e 200 veículos da linha Topic.
A importadora Districar traz para o Brasil a linha Chana, da Changan Motor. Os utilitários, na mesma linha do ULC e da Towner (também com versões van, furgão e picape), tiveram 147 unidades emplacadas de janeiro a agosto, segundo dados Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Como base de comparação, os concorrentes da linha do ULC, do Chana e da Towner (utilitário leve), emplacaram, de janeiro a agosto, 10.975 unidades (Fiat Fiorino) e 1.442 unidades (Fiat Doblò). No caso das variantes picape, a maior concorrência é com a Fiat Strada (57.323 unidades emplacadas) e a Chevrolet Montana (20.688 unidades). Já na categoria das vans, como a Topic, os principais concorrentes são a Volkswagen Kombi (17.653 unidades), a Fiat Ducato (5.033 unidades) e a Mercedes Benz Sprinter (1.918 unidades).
Já o páreo do M100 é mais "duro", com competidores como o Gol (195.344 unidades emplacadas), o Uno (112.365 unidades) e o Celta (88.878 unidades), de acordo com os dados da Fenabrave de janeiro a agosto de 2009.
Planos de expansão
Mesmo com as vendas ainda incipientes no contexto do tamanho do mercado brasileiro, que registrou 1.914.770 emplacamentos no acumulado do ano até agosto, as montadoras chinesas planejam sua expansão e ambicionam vendas maiores até o final do ano. Segundo o diretor comercial da Effa Motors, a fábrica de Manaus deve entrar em operação dentro de 60 ou 90 dias e as unidades montadas do Uruguai devem chegar ao País em janeiro ou fevereiro. Com isso, a previsão é que as vendas cheguem ao final do ano em 300 a 500 carros por mês.
Na questão da distribuição, a Effa, que atualmente tem 29 revendedores em seis Estados, quer chegar ao final do ano com 60 a 80 concessionárias, afirmou o diretor.
Já a CN Auto tem meta de fechar 2009 com 2,5 mil veículos vendidos e, no ano que vem, vender o dobro (5 mil carros). A importadora também disse querer ampliar sua rede de revendas das atuais 23 para 40 até o final deste ano.
Procurada, a importadora do Chana, a Districar, não se pronunciou sobre seus planos de expansão ou meta de vendas para o ano no País.
Chegada da Chery
Em sua estreia no País, o diretor executivo da Chery no País, Luís Curi, descreveu o Brasil como o "maior desafio" da empresa em mercados do Ocidente até agora. A empresa debutou com o Tiggo, um utilitário esportivo que veio para competir no segmento do Ford EcoSport e do Hyundai Tucson.
Vendido a partir de R$ 49,9 mil, na versão completa, sem intermediários, o veículo tem meta de vendas de 2,5 mil unidades até o final do ano. Com a chegada de mais três modelos, a previsão é vender 4,5 mil carros no mesmo período.
De saída, a Chery chegou com 31 revendas em 14 Estados e pretende fechar 2009 com 55 lojas em 20 unidades da federação.
