Em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo nesta segunda-feira, José Serra (PSDB) diz que a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil é "desconfortável" e "indesejável". O governador de São Paulo chama o líder iraniano de ditador que foi "reconduzido ao poder por eleições notoriamente fraudulentas". Ahmadinejad chega a Brasília nesta manhã.
"Uma coisa são relações diplomáticas com ditaduras, outra é hospedar em casa os seus chefes", diz o tucano. Segundo Serra, os opositores ao governo Ahmadinejad são presos, torturados, sexualmente violentados e, algumas vezes, condenados à morte "em julgamentos monstros que lembram os processos estalinistas".
Serra compara a situação iraniana com a vivida por Honduras: "como reagiríamos se apenas um décimo disso estivesse ocorrendo no Paraguai ou, digamos, em Honduras, onde nos mostramos tão indignados ao condenar a destituição de um presidente?"
O político ainda afirma que o ministro da Defesa iraniano, Ahmad Vahidi, é procurado pela Interpol devido a um atentado no centro comunitário judaico em Buenos Aires em 1994, que causou a morte de 85 pessoas.
"Democracia e direitos humanos são indivisíveis e devem ser defendidos em qualquer parte do mundo. É incoerente proceder como se esses valores perdessem importância na razão direta do afastamento geográfico", disse.
O governador de São Paulo afirma ainda que Ahmadinejad é o "mais tristemente célebre negador do Holocausto". "O mesmo país que tentou oferecer um pouco de segurança e consolo a vítimas como Stefan Zweig e Anatol Rosenfeld agora estende honras a alguém que usa seu cargo para banalizar o mal absoluto?", diz o tucano.
De acordo com Serra, ao aceitar o Tratado de Não Proliferação Nuclear e um acordo de salvaguardas com a Agência Internacional de Energia Atômica, o Brasil consolidou suas "credenciais de aspirante responsável ao Conselho de Segurança" das Nações Unidas, mas agora recebe um presidente "contra o qual o Conselho de Segurança cansou de aprovar resoluções não acatadas".