O premiê do Japão, Yukio Hatoyama, decidiu nesta terça-feira apresentar sua renúncia, alegando ter perdido a "confiança do povo", como noticia a televisão pública NHK. Hatoyama, vencedor das eleições de agosto passado, comunicou a decisão aos membros de sua legenda, o Partido Democrático (PD).
Os membros do Partido Democrático (PD) japonês aumentaram a pressão para que Hatoyama renunciasse depois de apenas oito meses no cargo para reavivar as chances de a legenda sair vitoriosa no pleito de 11 de julho, que espera vencer para facilitar a formulação de políticas.
O premiê, que estava sendo criticado pela decisão de manter uma base militar americana no sul do país, afirmou ter trabalhado com uma visão a longo prazo que para o povo é "difícil de ser entendida".
Depois da decisão sobre a manutenção da base americana, que contrariou suas promessas eleitorais, os índices de popularidade do Executivo japonês chegaram a cerca de 17%, e alguns membros de seu partido pediram sua renúncia ante a perspectiva de repercussões negativas nas eleições parciais ao Senado em 11 de julho.
Apesar das críticas, Hatoyama disse que a manutenção da base americana na ilha sulista de Okinawa é uma medida importante para garantir a segurança no extremo oriente asiático, e disse que sua intenção sempre foi realizar uma política "limpa" no país.
Para Hatoyama, seus meses de governo representaram "uma mudança na história política do Japão". Sobre a base americana, afirmou que o assunto incomodou a população, mas "a relação com os Estados Unidos é muito importante" e é "a base da paz" no Leste da Ásia.
Por enquanto não se sabe quem será o substituto de Hatoyama. O mais provável é que o PD escolha seu sucessor em uma escolha interna, como ocorreu desde 2006, pois os três últimos primeiros-ministros do Japão, todos eles do Partido Liberal-Democrata (PLD), não duraram sequer um ano no cargo.
O chefe de governo pediu ainda a renúncia do secretário-geral do partido, Ichiro Ozawa, um dos homens fortes da política japonesa e responsável direto pela vitória eleitoral dos democratas nas eleições do último dia 30 de agosto, que marcaram o fim de mais de meio século de governo do PLD.
Além da baixa popularidade, o mandato de Hatoyama, milionário e neto do fundador da Bridgestone, foi alvo de polêmicas relacionadas a seu patrimônio. Cerca de um mês após chegar ao poder, Hatoyama teve de enfrentar um escândalo financeiro sobre doações políticas não declaradas, enquanto Ozawa estava envolvido em uma polêmica por fundos não declarados a uma construtora.
