Especial Eleições 2010
No terceiro bloco do debate, seguiram-se as trocas de farpas entre os candidatos líderes nas pesquisas de intenção de voto, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Debatendo sobre reforma tributária e investimento no sistema de saneamento básico, os debatedores não pouparam munição.
"Dilma, você fica tão ligada pra trás, seu espelho retrovisor é maior que o para-brisas, que não vê o que seu governo fez". Serra atacou o aumento de impostos como o PIS-COFINS, referente ao investimento em saneamento.
"Discutir saneamento é algo que você não deveria tentar, porque vocês não fizeram nada sobre isso no governo. Havia no governo FHC uma fila burra, era a forma pela qual o governo FHC não investia em saneamento. Se o primeiro da fila não apresentasse um papel, o segundo, por mais que precisasse, não recebia investimento" retrucou a petista.
No terceiro bloco de debate Folha-UOL, os candidatos continuaram fazendo perguntas entre si, com cada um deles fazendo uma pergunta e respondendo à outra, obrigatoriamente.
Dilma perguntou para Marina qual a proposta para garantir o acesso à internet. Marina concordou que a internet é fundamental para o aperfeiçoamento da comunicação no País. "Tenho defendido um sistema integrado de tecnologias, para que os professores possam trocar conteúdos, e ampliar o acesso à banda larga para que todos os brasileiros possam ter acesso a essa importante ferramenta".
Marina defendeu uma profunda reforma na educação, para que se integre ao sistema educacional o que há de mais avançado em tecnologia, para que os professores ensinem aos alunos a "aprender a aprender".
A candidata do PV defendeu uma parceria entre o poder público e a iniciativa privada para massificar o acesso à internet pelas pessoas mais necessitadas. Ela disse ainda que a internet pode contribuir para a transparência da gestão pública. Em sua tréplica, Dilma citou dados do Programa Banda Larga do governo federal, num tom que se assemelhou mais a uma campanha do que a um debate.
Na sequência, Marina interpelou Serra sobre sua versão ideal de reforma tributária. O tucano declinou a ideia da ex-ministra do Meio Ambiente de convocar uma constituinte exclusiva para o tema, e defendeu a mudança do sistema eleitoral, "para ter uma melhor representação da população no congresso e para baratear o custo de campanha".
Serra propôs eleições distritais nos municípios já em 2012. "Se Lula não fez em oito anos, você acha que fará agora?", disse o candidato do PSDB a respeito da intenção manifestada pelo presidente Lula de atuar em favor da reforma política após seu mandato.
"A sociedade precisa de um bálsamo para curar as mazelas dos consensos ocos que se estabelecem". Marina se referia às "boas intenções" de todos os políticos para fazer as reformas estruturantes, mas alertou que nada sairá do papel se as "composições políticas" forem as mesmas, e atacou os governos de FHC e Lula, que segundo ela impediram a concretização das reformas.
Serra nega agressividade em debate
Ao termino do debate Folha-UOL o candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, disse não crer que tenha sido um confronto agressivo, rechaçou a ideia de que tenha subido o tom e destacou que alguns pontos poderiam ter sido melhor explorados. A título de exemplo, o tucano disse que uma pergunta que ficou sem resposta foi sobre as altas cargas tributárias. Segundo ele Dilma não concorda que os impostos sejam muito altos.
O tucano afirma que embora o formato online seja menos rígido quanto ao tempo de resposta, acredita que algumas perguntas ficaram no ar. "Por que o governo aumentou o que chama de incentivo as atividades econômicas e o imposto federal sobre energia elétrica?", questionou. Para o candidato nós temos as tarifas mais caras do mundo e isso conspira "contra o desenvolvimento".
Serra colocou mais uma pergunta: "Por que aumentou tão fortemente os impostos federais sobre o saneamento?". O tucano afirmou que isto conspira também contra o investimento em saneamento. "O verdadeiro investimento em saneamento é o que faz o tesouro, os impostos tiram R$ 2 bilhões da população e não voltam em investimento. Isto explica a performance muito ruim do Brasil em matéria de saneamento".
Desde o começo o debate teve clima quente. Nos três primeiros blocos, onde candidato perguntava para candidato, Serra e Dilma tiveram atritos e não pouparam munição. Já no primeiro bloco Serra disparou: "De fato em matéria de quanto pior melhor, o PT é campeão".
No segundo bloco o tucano manteve a estratégia de atacar a petista apontando que a responsabilidade pelo vazamento das provas do Enem foi do governo federal. No bloco seguinte, seguiram-se as trocas de farpas entre os candidatos, debatendo sobre reforma tributária e investimento no sistema de saneamento básico.