Após inaugurações, índios Kaiowá pressionam Lula no MS
Da Redação, Jorge Américo com Radioagência NP
Foto(s): Divulgação / Arquivo
De volta ao território Kaiowá Guarani nesta terça-feira (24), o presidente Lula encontrou um cenário mais problemático do que o verificado no final dos anos 1990 em sua primeira viagem à região, ainda em campanha eleitoral. Desta vez, o presidente inaugurou obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e um novo campus da Universidade Federal da Grande Dourados (MS).
Num período de cinco anos, 200 indígenas foram assassinados na região. O integrante do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Egon Heck relata o que mudou desde a primeira visita de Lula.
“Com a implantação massiva do agronegócio e dos grandes interesses econômicos, principalmente do etanol e a ampliação da produção de soja, fizeram com que os povos indígenas chegassem a essa situação dramática que os estudiosos chamam de etnocídio e genocídio.”
Egon revela que mais de cem crianças Kaiowá morreram de desnutrição em meia década e mais de 90% das famílias vivem de doação de cestas básicas. Ele acredita que a situação poderia ser melhor, caso os Kaiowá conseguissem a posse dos 8.300 hectares de terra, homologados em 2005.
“Na época, o então Ministro do STF Nelson Jobim invalidou, por meio de liminar, essa homologação e os índios foram colocados para a beira da estrada. Todo esse tipo de situação em que o Judiciário e o Legislativo tramam contra e que o Executivo é omisso ou incapaz, faz com que cheguemos a essa lamentável situação.”
Os indígenas Kaiowá Guarani entregaram uma carta ao presidente Lula, na qual pedem a demarcação de terras para o fim das disputas e mortes. Foram sugeridos ainda programas de recuperação ambiental e de produção de alimentos para o abastecimento das comunidades.