Um grupo de passageiros a bordo do navio de luxo italiano Antonia Graza, em 1962, é cortado ao meio por um cabo afiadíssimo que atravessa o salão de dança, na abertura do filme de terror Navio Fantasma
O reação lenta das vítimas quando vêem metade de seus corpos ou cabeças caindo para um lado é, com certeza, uma das cenas mais san-grentas vistas num filme de Hollywood nos últimos anos. A ação se desloca para o presente. No mar ao largo do Alasca, aparece o barco de resgate Arctic Warrior, comandado por Murphy (Gabriel Byrne). Na sua tripulação estão Epps (Julianna Margulies), que é praticamente uma segunda capitã, o imediato Gregg (Isaiah Washington), o técnico do motor Santos (Alex Dimitriades) e os técnicos despreo-cupados Dodge (Ron Eldard) e Munder (Karl Urban). Chegando ao porto, o piloto local Ferriman (Des-mond Harrington) mostra à tripulação a foto de um grande navio à deriva no mar de Bering. Interes-sado nas perspectivas financeiras, Murphy aceita resgatar o navio, mas leva o piloto junto, contrariando seus pró-prios instintos. Quando chegam ao navio abandonado, cujo interior enferrujado ainda mostra sinais de grandiosidade apodrecida, Epps é a primeira a ver um fantasma: uma menina pequena que já tinha sido vista no prelúdio. Depois de encontrar corpos na água e caixas repletas de ouro, Epps se convence de que eles devem apenas recuperar o ouro e deixar o navio onde está. Mas, depois que uma explosão mata Santos e afunda o Arctic Warrior, os sobre-viventes se vêem presos a bordo do navio abandonado, onde cada um deles passa a ter contatos estreitos de primeiro grau com fantasmas que falam, desencadeando a morte sangrenta de um tripulante após outro. Numa sequência inexpli-cável, mas que convence por alguns minutos, a garotinha fantasmagórica “mostra” a Epps o massacre que aconteceu no navio e, com isso, provoca o último gesto de heroísmo da moça. O filme deixa muitos furos evidentes demais - por exemplo, como Epps consegue boiar no gelado mar de Bering sem morrer congelada - que, se forem analisados de perto, podem acabar transformando o terror em comédia. Julianna Margulies consegue sobre-viver tanto ao navio fantasma quanto ao próprio filme, oferecendo uma performance física obviamente inspi-rada na escola Sigourney Weaver de mulheres aventurosas e duronas. Os homens parecem estar deslocados em seus papéis. Emily Browning, no papel da garotinha fantasma, pelo menos tem os olhos profundos neces-sários e o olhar de uma alma imortal.
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