O PT antes e depois de 2003

 

Opinião - 25/02/2003 - 15:51:07

 

O PT antes e depois de 2003

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

É preciso reconhecer que o presidente Lula, quando se trata de política econômica, tem resistido ao facilitário populista e demagógico. Homens de Estado devem se preocupar com gerações e não com eleições Cada vez se confirma mais o que em inúmeros de nossos editoriais dissemos sobre as limitações objetivas que impedem ações voluntaristas ou implementações programáticas dos partidos que assumem governos. É o caso do que está a ocorrer nestes primeiros dias do governo Lula e do PT. Nada mais antipodal ao PT no governo do que o PT na oposição. Não se trata de uma traição aos princípios e ao ideário que supriu durante duas décadas a mística partidária e que, em última análise, contribui fundamentalmente para o crescimento e para o sucesso eleitoral do Partido dos Trabalhadores. Trata-se pura e simplesmente de ajustar-se à ordem econômica mundial tal como ela está. Os lógicos clássicos distinguiam dois tipos de juízos, os de fato e os de valor. Os primeiros, os juízos de fato, limitam-se a constatações, ao que é, ao real, ao concreto. Os segundos, os juízos de valor, concentram-se em outras vertentes e indagam da justiça, da ética, do bem ou do mal. Não caberia agora, no “calor da hora, avaliar se a globalização é um fenômeno perverso, injusto com os países emergentes, castrador de impulsos generosos ou intrinsecamente desumano. Este seria tipicamente um juízo de valor, o que não quer dizer que seja dispensável ou desprezível. Pelo contrário, é necessário que se questione e se pressione para que a globalização, cada vez mais e com mais rapidez, torne-se um fenômeno prodigiosamente positivo para toda a humanidade, principalmente para aquela parte que ainda está sufocada por carências devastadoras. A correção do seu rumo será uma conquista necessária, mas será inevitavelmente gradual. No momento, o governo Lula está fazendo o que tem que fazer, considerada a conjuntura mundial desfavorável e crítica. Lula sabe que terá que pagar um preço político alto e sabe que corre um grande risco de perder boa parte do seu capital de popularidade por ter que adotar o receituário monetarista ortodoxo que ele tanto criticou. Mas este é o papel dos homens de Estado: governar para gerações, não para eleições. Com coragem para não ceder ao facilitário populista e demagógico, pelo menos quando se trata de política econômica. O último aumento da taxa básica de juros e do compulsório, decidida pelo Copom do Banco Central, por exemplo, pode não ser popular, mas inevitável nas circunstâncias vigentes. O núcleo mais sensato do PT e o presidente Lula estão, felizmente, dando demonstrações que aprenderam muito rápido que no governo não se faz o que se quer, mas o que se pode. E tanto melhor se fizer o que se deve.

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