À medida em que o tempo passa, vamos chegando à sábia conclusão de que a vida é curta. O que dizer, então, da vida sexual? Com muita sorte, ela dura metade desse pouco tempo total e, por isso, para não acabar se transformando numa alma tarada enquanto o corpo descansa, sem cansaço, a sete palmos do chão, é preciso aproveitá-la e muito bem. Mas, nesse mundo tão complicado, as coisas nem sempre funcionam da maneira mais racional. Apavoradas com a opinião pública ou apenas conscientes de suas devoradoras carências, muitas mulheres transfor-mam a primeira noite com um novo homem numa fonte inesgotável de questionamentos. O que pode acabar comprometendo duas das melhores coisas da vida: a libido e a liberdade de escolha. Para a produtora cultural Juliana Cunha, esse é um assunto sem mistérios. Segundo ela, é melhor se arrepender de algo que foi feito do que perder uma boa oportunidade de aproveitar a vida. Ou apenas uma noite. “Se eu conheço um cara numa festa, a caipirinha já me deixou um pouco alta e começa a rolar aquele clima brabo no cantinho, por que eu vou parar por aí? Pra mim, não tem o menor sentido, aquilo está sendo uma conseqüência natural das coisas”, defende. O grau de liberação de Juliana, no entanto, é raro. Para a maior parte das mulheres, a primeira noite impõe uma série de limites, físicos inclusive. “Pra mim, só mão no peito e na bunda. Por baixo da roupa, jamé”, conta a engenheira mecânica Marisa Jofrei. Ela confessa que tem medo de acordar no dia seguinte se considerando precipitada. “Se o objetivo é dar por dar, beleza. Agora, se você acha que está dando por dar quando, na verdade, está se enganando e quer dar pra receber, as chances de se decepcionar são grandes. Adotei essa filosofia porque me conheço”, explica.
Já a secretária Cláudia Parisi faz questão de esquecer o segredo do cinto de castidade em qualquer das situações. “Mesmo quando o que está rolando é só por uma noite, acaba sendo ruim. Os homens espalham que você foi fácil e aí o nome acaba ficando sujo. Porque o homem tenta, mas, no fundo, ele não quer. É como se fosse um teste, eles gostam do mistério. É isso que segura eles”, acredita. A teoria é confirmada pelo analista comercial Alexandre Leite. Na opinião dele, há uma grande inco-erência no que diz respeito à opinião masculina sobre os limites da primeira noite.
“Os homens falam mesmo para os amigos que a mulher foi fácil. Isso de certa maneira a desmerece porque os caras, apesar de aproveitarem, não gostam disso. Não conseguem imaginar essa mulher como mãe dos filhos deles, como alguém para ter um relacionamento”, completa.
A solução de tanto questionamento depende realmente das intenções da tal primeira noite.
Na opinião da psicóloga Marlúcia Pessoa, se a atração for forte e o objetivo apenas uma aventura, não há motivos para se reprimir. “No entanto, quando se pretende um rela-cionamento mais denso, que implica em uma série de outros elementos, há um processo de construção da intimidade, de jogo de conquista.
É a falta dessa cumplicidade que leva muitas mulheres ao receio, já que isso é parte fundamental no conceito delas de sexualidade.
Mas é preciso separar bem as coisas”, aconselha. Portanto, confie em você, seja natural e aproveite. Dar oportunidade às oportunidades é a melhor maneira de aprender a curtir a vida.
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