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O jornal financeiro Financial Times, de Londres, afirma em sua edição de hoje que se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva der atenção aos apelos que estão sendo feitos para que ele abandone os seus aliados de centro-direita, perderá a maioria no congresso e se tornará, essencialmente, um presidente decorativo ou um "lame duck", pato manco, expressão usada para designar líderes sem sustentação política, até o final do seu mandato, em dezembro de 2006.
Mesmo avaliando o melhor dos cenários, no qual se comprovaria que as alegações são falsas e o presidente e a sua equipe econômica sairiam intactos, o governo e a sua base aliada, que vai da extrema esquerda ao centro-direita, ficariam consideravelmente enfraquecidos, afirma o periódico.
Lula e o partido do presidente passaram separadamente o fim de semana em reuniões de emergência para lidar com o escândalo de corrupção que desencadeou a pior crise política desde que assumiram o poder em janeiro de 2003. Em uma reunião da liderança do PT no fim de semana, ouviu-se muitos pedidos para que o governo abandone alguns dos seus aliados, como o PP e o PL, e retome os seus valores tradicionais de esquerda.
"O governo precisa urgentemente repensar a sua aliança e a sua política econômica capitalista", advertiu Ivan Valente, um congressista dissidente do PT.
Roberto Jeffersob, um aliado-chave da base governista, foi acusado de elaborar um esquema de propinas em empresas estatais e, a seguir, acusou o PT da pagar mesadas a deputados em troca de apoio político.
Com a esperada reforma ministerial, prevista para esta semana, poderá haver uma primeira indicação da opção de Lula: manter-se no centro ou se inclinar para a esquerda.
Os investidores observarão atentamente a situação para determinar se o substituto de José Dirceu, o ministro-chefe da Casa Civil, que renunciou na semana passada, pertence ao campo "isolacionista" ou "aliado". Ele foi acusado de conhecer o suposto esquema de pagamento de propinas. O seu afastamento visa a ajudar a afastar Lula da crise. Mas se reforçar uma aliança ampla o governo corre o risco de perder parte do seu eleitorado tradicional. "Nós já perdemos o apoio do funcionalismo público e daqueles que recebem salário-mínimo, e agora nos arriscamos a perder também a classe média devido a este escândalo", disse Valente ao Financial Times.
Pesquisas de opinião realizadas na última semana revelaram que Lula venceria a eleição geral em outubro de 2006 por uma margem confortável. No entanto, embora seja possível que a sua popularidade sobreviva, a do seu partido pode sucumbir.
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