O presidente nacional do PT, José Genoino, admitiu que foi co-responsável no empréstimo de R$ 2,4 milhões realizado pelo partido ao assinar o documento sem ler, confiando a responsabilidade ao tesoureiro do partido, Delúbio Soares, conforme garantiu neste final de semana após denúncia da revista Veja. Em entrevista na noite desta segunda-feira ao programa Roda Viva da TV Cultura, Genoino afirmou também que a transação não acarretou nenhum tipo de influência do empresário Marcos Valério, um dos avalistas, "pois ele tinha contratos anteriores com o governo". Genoino afirmou que não conhecia Valério na época do empréstimo e que a situação serviu de lição para o futuro. "Eu como presidente do PT sou responsável por todos os atos do PT e sou co-responsável a medida que assinei um documento de empréstimo necessário. Isso agora deve ser analisado e eu quero que fique provado. Não teve nenhuma ilegalidade, não cometemos crime. Isso a investigação vai mostrar, portanto, deixe que a investigação seja feita. Vou de cabeça erguida prestar contas ao meu partido e a sociedade", disse.
Sobre o suposto pagamento do "mensalão" realizado pelo PT a parlamentares da base aliado, Genoino rechaçou qualquer prática do tipo. "O PT nunca conversou, participou de reunião e nunca recebeu mensalão. A primeira vez que ouvi falar sobre isso foi em uma reportagem do Jornal do Brasil, quando o presidente da Câmara tomou as medidas e as providências. Isso não existe, mas agora tem de ser investigado", afirmou.
Questionado sobre as acusações de Roberto Jefferson, Genoino usou a eleição de 2006 para se defender. "Estamos vivendo um processo de disputa política em meio a uma crise. Existe denúncias que estão sendo investigadas, com a palavra as investigações. O PT quer a verdade e seus valores serão honrados e se alguém do PT cometer irregularidades, não vacilaremos", garantiu.
Sobre as denúncias de doação de R$ 4 milhões para campanha eleitoral do PTB, feitas por Jefferson, disse: "O PT não fez acordo financeiro de passar dinheiro ao PTB", afirmou. Genoino apenas reafirmou que o PT teve gastos de campanha em cidades em que foi aliado do PTB e que o partido acumula uma dívida eleitoral em torno de R$ 20 milhões.
Genoino também negou as denúncias de que o PT desviava dinheiro de estatal Furnas Centrais Elétricas. "A própria empresa esta com comissão de sindicância, e os próprios deputados disseram que foi o contrário. O PT nacional e o PT de Minas Gerais não têm qualquer relação com Furnas", disse.
O presidente do PT se disse muito triste com o deputado federal e ex-petista Fernando Gabeira, que vem realizando duras críticas ao PT em função das denúncias de corrupção. Em um artigo neste final de semana publicado na imprensa, Gabeira disse que hoje em dia, com excesso de dinheiro compra a posição dos deputados e que não adiantaria discutir e debater, pois haveria cartas marcados e os deputados todos se venderiam. "Eu estou muito triste com isso. O Gabeira não pode sair assim atirando para todos os lados".
Genoino se emocionou ao ouvir a última pergunta, enviada por um telespectador que teria feito parte do regime e revelou que o petista teria delatado militantes durante a tortura sofrida na ditadura militar na prisão e que uma ocasião teria pedido para não deixar a prisão com medo de ser morto. "Essa gente não sabe o que é tortura, não sabe o que é pau-de-arara. Cumpri cinco de prisão. A tortura é um negócio dramático que você separa o corpo e a mente, um processo dilacerante. É duro passar pelo o que passei. Sofri, tenho queimaduras e até hoje tenho pesadelos e pressão alta por causa da tortura que sofri e agora tenho de ouvir isso", finalizou, com lágrimas nos olhos.
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