Quatro dos principais envolvidos no escândalo de caixa dois e em suspeitas de "mensalão" e lavagem de dinheiro no exterior serão indiciados pela Polícia Federal: o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério, o ex-presidente petista José Genoino e o publicitário Duda Mendonça. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, eles deverão responder formalmente por acusações de lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro, ilícitos que podem levar a penas de até 10 anos de prisão, além de multa. Há a possibilidade de serem acusados também de sonegação fiscal, porém o indiciamento nesse caso enfrentaria problemas jurídicos, pois a caracterização do crime deve ser precedida por análise prévia da Receita Federal.
A base para indiciar os quatro é depoimento de Duda à CPI dos Correios, durante o qual admitiu ter recebido pelo menos R$ 10,5 milhões em uma conta ligada a paraíso fiscal nas Bahamas, com sede nos Estados Unidos - a Dusseldorf. O dinheiro, não declarado à Receita, teria sido proveniente de Valério que, segundo o publicitário, recomendou a abertura da conta no exterior. A operação teria seguido orientações de Delúbio e teria contado com a conivência de Genoino, diz a PF.
O dinheiro pago a Mendonça foi referente a serviços prestados pelo publicitário ao PT durante a campanha eleitoral de 2002, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva presidente da República. Marcos Valério nega ter solicitado a abertura da conta.
Segundo a Folha, o indiciamento deve ocorrer deve ocorrer assim que o Supremo Tribunal Federal (STF) devolver à PF o inquérito que investiga o suposto esquema do "mensalão". Será tarefa do ministro do STF Joaquim Barbosa, relator do caso, decidir se aceita as solicitações da Polícia e do Ministério Público federais. Em caso positivo, as investigações vão prosseguir, incluindo a quebra de sigilo bancário dos envolvidos, inclusive aquelas localizadas fora do País.
Já há outros três indiciados por conta do escândalo, por crimes semelhantes: o ex-tesoureiro da campanha do petista Fernando Pimentel à Prefeitura de Belo Horizonte (MG); José Luiz Alves, assessor do ex-ministro dos Transportes e hoje prefeito de Uberaba (MG) Anderson Adauto; e o sócio da empresa Guaranhuns José Carlos Batista. A Guaranhuns teria sido usada por Valério, supostamente mediante orientação de Delúbio Soares, para repassar dinheiro ao PT e aliados do partido.
O Conselho de Controle das Atividades Financeira (Coaf) já está apurando informações, em conjunto com autoridades financeiras das Bahamas, a fim de reastrear o caminho e a origem do dinheiro movimentado. A Dusseldorf se trata de uma offshore - empresa cujos nomes dos sócios permanece em sigilo, recebeu valores provenientes de pelo menos oito contas em agência do BankBoston nos Estados Unidos.
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