O irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva - mais conhecido como Vavá - admitiu, em entrevista à revista Veja, que o escritório que mantém desde o início do ano em São Bernardo do Campo trabalha "também" na intermediação de pedidos de empresários junto a prefeituras do Partido dos Trabalhadores, empresas estatais e órgãos do governo federal, como a Caixa Econômica Federal e a Secretaria-Geral da Presidência da República. "Se o presidente (Lula) tem empresários que procuram ele para fazer negócio, nada melhor do que você ajudar", afirmou Vavá à revista. Ele também declarou que "por enquanto" não recebeu dinheiro nenhum pela "consultoria".
A assessoria - que segundo a revista não tem placa na porta nem nada que indique a natureza de suas atividades - serviria para prestar assistência social, conforme inicialmente declarou Genival. Mas depois, confrontado com outras informações, acabou por admitir que "ajuda também" empresários. Vavá admitiu, segundo a revista, já ter procurado o assessor especial da presidência César Alvarez e o diretor de operações e logística da Petrobras Distribuidora, Edimilson Antonio Dato Sant'Ann, a pedido de donos de empresas.
A assessoria de Genival conta com três funcionários - uma secretária, um advogado e uma ex-agente de viagens que é amiga de Vavá há mais de duas décadas e se apresentava como sua assessora -, três linhas telefônicas e quatro computadores. Os negócios têm ido bem, de acordo com a reportagem, e Vavá pretendia até ampliar a consultoria: estava procurando uma sala maior e tinha contratado mais uma funcionária, que deveria assumir nos próximos dias.
A reportagem teve acesso a anotações da ex-agente de viagens, Cristina Caçapava, feitas em setembro deste ano, que indicam atividades da assessoria junto à BR Distribuidora, à assessoria especial da presidência, à prefeitura de Jacareí e ao Ministério da Justiça. Nos dois primeiros casos, houve encontro de Vavá com pessoas ligadas aos órgãos. No terceiro, o irmão do presidente disse, segundo a revista, que não chegou a encaminhar a proposta (que tratava de uma repatriação de divisas relativa ao caso PC Farias) ao Ministro Marcio Thomaz Bastos.
O presidente Lula, conforme a revista, informou por meio da assessoria de imprensa do Palácio do Planalto que "não tinha conhecimento" das atividades do irmão.
|