A expulsão do ex-tesoureiro Delúbio Soares dividiu o Diretório Nacional do PT que se reúne neste sábado para decidir o processo envolvendo os membros da antiga direção executiva do partido. Delúbio é responsável confesso pela movimentação do caixa dois que beneficiou o partido e aliados entre 2003 e 2005.
O julgamento do ex-tesoureiro será a última decisão que o antigo Diretório Nacional do partido vai tomar. Na reunião deste sábado, serão empossados os dirigentes eleitos no início de outubro.
Pelo menos dois petistas que tiveram o nome envolvido no recebimento desses recursos ilegais preferiram não defender diretamente a expulsão do companheiro. Delúbio é também um dos pivôs do suposto esquema do mensalão.
O deputado Professor Luizinho chegou a elogiar o comportamento do o ex-tesoureiro. "O Delúbio tem assumido uma defesa interna do PT e tem assumido encaminhamentos de forma determinada que, em alguns momentos, são merecedores de elogios", disse.
Segundo ele, o fato de Delúbio ter assumido sozinho o ônus pelos repasses é uma mostra de que ele buscou resolver os problemas do partido "cumprindo a sua tarefa".
O ex-deputado Paulo Rocha, que renunciou ao mandato, disse que a expulsão de um companheiro "não é uma situação fácil" e acrescentou que prefere que o próprio Delúbio tome a iniciativa de se afastar.
Rocha recebeu por meio de uma secretária R$ 920 mil sacados das contas do empresário Marcos Valério de Souza, por meio das quais os recursos ilegais eram repassados. Ele alega que os recursos foram usados em campanhas eleitorais do PT do Pará, do qual ele é presidente, em 2004.
O assessor de Luizinho, José Nilson dos Santos, sacou R$ 20 mil das contas. O deputado alega que o dinheiro foi utilizado na pré-campanha de vereadores do partido, também no ano passado.
Outro petista que defendeu o ex-tesoureiro foi presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e membro do Diretório Nacional petista, João Felício.
"Outrora o Delúbio era um gladiador bastante eficiente. Agora querem jogar o Delúbio na arena para que os leões possam devorá-lo. Eu não concordo com essa tese", afirmou.
O Diretório Nacional deve analisar a partir das 14 horas o relatório da comissão de ética do partido que defende a expulsão do ex-tesoureiro.
No início da manhã, o senador Aloizio Mercadante defendeu a expulsão do ex-tesoureiro e disse que o PT deve desculpas à sociedade e que o partido tem um "preço doloroso" a pagar.
O diretório também elege neste sábado a nova Executiva do partido, que terá como presidente o deputado Ricardo Berzoini.
A assessoria do PT não soube informar se Delúbio participará da reunião que definirá seu destino no partido.
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