A grande “Prova dos nove”

 

Opinião - 14/03/2003 - 16:38:30

 

A grande “Prova dos nove”

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Esboça-se um impasse no horizonte: ou o governo favorece as invasões para continuar fiel ao seu discurso histórico ou as reprime e assume publicamente suas contradições

Esboça-se um impasse no horizonte: ou o governo favorece as invasões para continuar fiel ao seu discurso histórico ou as reprime e assume publicamente suas contradições

Tem razão o professor Ariovaldo de Oliveira, titular da área de geografia agrária da Universidade de São Paulo (USP), que há muitos anos pesquisa e estuda os movimentos sociais da zona rural. Seria uma ingenuidade pensar que as ocupações e invasões de terras cessariam no início do governo Luiz Inácio Lula da Silva. O professor tem uma opinião consolidada: mesmo que a cúpula nacional do Movimento dos Sem-Terra (MST) ajustasse uma trégua com o novo governo, não teria condições de cumpri-la. Pela simples razão de que a coordenação nacional do Movimento não possui, na prática, uma estrutura centralizada suficientemente forte que permita o controle das bases. Cada grupo, cada região, cada Estado, tem autonomia para agir, mesmo que contrariem a orientação do “comando geral”. Ou seja, o governo Lula vai ter que conviver com a mesma situação vivida pelos governos anteriores. Ao contrário até certo ponto do que acontece com os sindicatos, partidos políticos, Igreja Católica e outras organizações hierárquicas, os movimentos sociais agrários dispõem de autonomia para decidir como entenderem e agirem como quiserem. Equivocada ou não, estes movimentos têm uma mística e é por ela que eles se inspiram. A ocupação da fazenda do presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, foi realizada sem a aprovação (hoje se sabe que até mesmo sem o conhecimento) da coordenação nacional que a considerou um grande erro estratégico. O que conta é a vontade soberana das bases. Diante desta realidade são previsíveis as dificuldades que o governo do PT vai enfrentar na seqüência: ou favorece as invasões para continuar fiel ao seu discurso histórico ou as reprime e assume publicamente as suas contradições. A União Democrática Ruralista (UDR) já firmou posição e muito clara: “Retirar a invasão da criminalidade é declarar guerra contra o produtor e desestabilizar uma das mais expressivas cadeias produtivas do País”. A UDR insiste na tese de que o MST não é um movimento social e muito menos agrário, mas sim um movimento político de clara inspiração leninista e das táticas produzidas pela Teologia da Libertação. A UDR diz que o ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra foram tomados pela ala radical do PT e pelo MST para favorecer os invasores e promete uma marcha dos produtores a Brasília se o governo não der sinais inequívocos e firmes de que pretende obedecer a Constituição que consagra o direito de propriedade. Está a se armar, portanto, um impasse delicado que vai exigir do presidente um excepcional descortínio político e talento de estadista. Poderá ser o seu primeiro e grande teste no poder.

Esboça-se um impasse no horizonte: ou o governo favorece as invasões para continuar fiel ao seu discurso histórico ou as reprime e assume publicamente suas contradições

Esboça-se um impasse no horizonte: ou o governo favorece as invasões para continuar fiel ao seu discurso histórico ou as reprime e assume publicamente suas contradições

Esboça-se um impasse no horizonte: ou o governo favorece as invasões para continuar fiel ao seu discurso histórico ou as reprime e assume publicamente suas contradições

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