O delegado seccional de Ribeirão Preto (SP), Benedito Antonio Valencise, admitiu neste domingo, pela primeira vez, a possibilidade de pedir o indiciamento do ministro da Fazenda e ex-prefeito da cidade, Antonio Palocci, por envolvimento em suposto esquema de fraude em serviços de limpeza pública na cidade. Por ter foro privilegiado, Palocci não pode ser indiciado pela Polícia Civil; a suposta participação teria de ser relatada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que avaliaria a possibilidade de abrir processo contra o ministro. "Eu não vou dizer em termos de ministro, porque não tenho nada a ver com ministro. Em termos dos governantes da época (na Prefeitura de Ribeirão), realmente há, segundo os depoimentos, o envolvimento. É o que consta no inquérito policial", declarou Valencise ao jornal Folha de S. Paulo. O delegado promete dar mais detalhes das investigações na próxima quinta-feira, dia agendado para seu depoimento à CPI dos Bingos.
O delegado, que já foi acusado pelo próprio Palocci de fazer uso "político" das investigações, nunca tinha se referido diretamente ao envolvimento do ministro nas supostas irregularidades.
Ele não deu detalhes das evidências que teria contra o ex-prefeito, mas afirmou que uma delas será o segundo depoimento do ex-secretário de Governo de Antonio Palocci de 1993 a 1994, Rogério Tadeu Buratti. Buratti apontou o petista como único responsável por irregularidades em medições do serviço de coleta de lixo. Palocci nega todas as acusaçãoes e, procurado pela Folha, não se pronunciou sobre o assunto.
Segundo sinalizou, Valencise deve indiciar a ex-superintendente do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp), Isabel Bordini, os ex-secretários de Governo Donizeti Rosa (marido de Isabel) e Nelson Colela, o ex-chefe-de-gabinete de Palocci Juscelino Dourado, o ex-prefeito Maggioni e um funcionário da Leão Leão - empresa acusada de operar o esquema em conjunto com a prefeitura de Ribeirão na época. Todos desmentem as denúncias.
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